
Lembrando dela, lembrei também de um poema de Drummond, escrito para seu grande amigo Pedro Nava que se suicidou sem deixar uma linha sequer sobre a motivação do ato extremo. O poema se intitula A um ausente, e transcrevo aqui apenas os versos que expressam meus sentimentos sobre a partida de Elis.
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu...
... o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?
nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.
Não creio na vida após a morte, e uma das poucas passagens bíblicas de algum significado para mim está em Genesis 3:1:9: No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.
Somos poeira cósmica e a ela retornaremos um dia, isso é tudo em que acredito. Fica de nós a obra realizada, até que o último que se lembre esteja vivo. Por isso, Elis permanecerá por muito tempo ainda.