Quem quiser, vem comigo...

27 agosto, 2010
Descobri Fiorella Mannoia em 2006, quando gravou o álbum Onda Tropicale, cantando músicas de compositores brasileiros: Milton Nascimento, Chico, Buarque, Lenine, Gilberto Gil, Adriana Calcanhotto, Jorge Benjor, entre outros. Voz quase grave, interpretação altiva e comovente, olhos de um azul indescritível, ela me ganhou imediatamente.

Fiorella gravou também um clássico de Francesco de Gregori, La Storia, do álbum Scacchi e Tarocchi (1985), uma das músicas mais emocionantes que conheço, especialmente pela letra desse gênio que é considerado na Itália O Príncipe dos Poetas.

Sei que algumas pessoas não curtem postagens de vídeos – sequer assistem, por considerarem "falta de assunto". Eu penso de modo diferente. Nunca me propus a ter um blog de grande popularidade, e sim um espaço onde possa registrar o que tem relevância para mim, principalmente manifestações artísticas. O mundo já está pesado e triste o suficiente, e é através da arte que eu saio desse clima ruim.
Não sou artista, meu lugar é na plateia, onde sempre estarei aplaudindo.



La storia siamo noi
Nessuno si senta offeso
Siamo noi questo prato di aghi sotto il cielo
La storia siamo noi
Attenzione, nessuno si senta escluso
La storia siamo noi
Siamo noi queste onde nel mare
Questo rumore che rompe il silenzio, questo silenzio così duro da masticare
E poi ti dicono "Tutti sono uguali, tutti rubano alla stessa maniera"
Ma è solo un modo per convincerti a restare chiuso dentro casa quando viene la sera
Però la storia non si ferma davvero davanti a un portone
La storia entra dentro le stanze, le brucia, la storia dà torto e dà ragione
La storia siamo noi
Siamo noi che scriviamo le lettere
Siamo noi che abbiamo tutto da vincere, tutto da perdere
E poi la gente (perchè è la gente che fa la storia)
Quando si tratta di scegliere e di andare
Te la ritrovi tutta con gli occhi aperti che sanno benissimo cosa fare
Quelli che hanno letto milioni di libri e quelli che non sanno nemmeno parlare
Ed è per questo che la storia dà i brividi, perchè nessuno la può fermare
La storia siamo noi
Siamo noi padri e figli, siamo noi, bella ciao, che partiamo
La storia non ha nascondigli, la storia non passa la mano
La storia siamo noi
Siamo noi questo piatto di grano


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Enquanto tudo continua igual...

22 agosto, 2010
Domingo, dia de relaxar num passeio ao ar livre, ou em casa lendo, ouvindo música, assistindo aquele filme que está na fila esperando faz tempo, se possível em boa companhia. Teremos sol, finalmente, diz a meteorologia.



Lembrei de domingos distantes, tempos descompromissados de juventude, do rir à toa, de ir ao Pão de Açúcar depois da praia ver o Sol se pôr, apenas pelo prazer de estar ali. Às vezes subir a serra para passear em Petrópolis, ou no Parque da Serra dos Órgãos, em Teresópolis. Uma delícia! As noites eram tranquilas, sem bailes funk, sem pancadão, no máximo o som de um violão. Andava-se muito a pé, sem sobressaltos; quando de carro, sem engarrafamentos nem insulfilme. Tão diferente dos domingos de agora...

Quem vive no Rio brinca de imaginar que nada está fora do lugar, que a violência é um exagero da mídia alarmista, que a cidade não oferece riscos, que se pode apreciar seus encantos na certeza de voltar para casa incólume. Talvez seja um mecanismo inconsciente capaz de manter a sanidade mental diante de uma guerra urbana que parece não ter fim.



Ontem foi mais um dia tenso, tiroteio com armas pesadas, granadas explodindo, pânico, tristeza, muita tristeza. Aconteceu em São Conrado, bairro de classe média alta, condomínios caríssimos, aos pés da favela da Rocinha. A cidade é assim, ondulada faixa de terra entre montanha e mar, tão bonita que se sobrepõe ao horror de suas entranhas.



O governo criou as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) que ocupam favelas expulsando os traficantes, mas esqueceu de planejar como cuidar do efeito colateral mais importante desse projeto. O que fazem os bandidos sem o dinheiro do tráfico? Claro, vêm para o asfalto roubar. Antigamente se dizia que isso é cobrir um santo descobrindo outro.



A ideia das UPPs é boa, porém existem muitas consequências que requerem máxima atenção das autoridades competentes. Não me refiro apenas ao destino dos traficantes, mas também à valorização dos imóveis nas comunidades pacificadas, muitos de alvenaria, em verticalização acelerada, comercializados por preços inimagináveis, principalmente pela proximidade com os bairros, facilitando acesso ao trabalho, e pela paisagem privilegiada. Ter um imóvel na favela começa a ser um negócio rentável, cuja expansão será inevitável caso não sejam adotadas medidas urgentes.

O assunto é bem mais complexo do que se pode imaginar, requer estudo sério, nada de soluções improvisadas, e sim trabalho árduo feito por gente competente. Caso contrário, a cidade irá sucumbir em breve.

Enquanto tudo continua igual, o jeito é fingir que reina a mais perfeita paz, que podemos aproveitar o domingo e, logo mais, estaremos vivos em casa.
Que assim seja!
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Valorizar o pior, nunca!

21 agosto, 2010
Praticamente, dois meses sem atualizar o blog. Motivos, variados, porém o mais relevante foi o que chamo de bomba de efeito retardado.

Durante todo o mês de julho me dediquei ao meu gatinho, Peteleco, companheiro de 16 anos, amigo fiel, dócil, manhoso, de tanto que é mimado, e que por um triz não se foi. As opções de tratamento não eram animadoras devido à idade avançada. Cheguei a medicar por orientação de uma veterinária, mas o remédio afetava severamente o sistema neurológico, a ponto dele ficar agressivo, sem contar que o problema digestivo em nada melhorava.
Numa madrugada, em que pensei que ele não amanheceria, decidi suspender o remédio e deixar que a natureza seguisse seu curso, como penso que deva ser até para nós humanos. Qual o sentido de deixá-lo em uma clínica, sozinho numa jaula fria, lugar desconhecido, sem aconchego, sem carinho, até a hora final? Se fosse para morrer, que ele estivesse entre as pessoas que o amam. Decisão absurda para certas pessoas, não para mim.
Como ele já não aceitava se alimentar, e quase nenhuma água bebia, por minha conta, preparei soro caseiro e, com uma pequena seringa ia dando aos poucos. Comecei com doses de 5ml de hora em hora, depois espacei para duas em duas, e assim foi, espaçando mais à medida que percebia que ele ia se animando. Em três dias ele estava caminhando, voltou a se alimentar, ainda que pouco, mas era uma festa para mim. A alegria de ver seus olhos azuis brilhando novamente me devolveu a esperança de que ele ficaria bom. Hoje ele está bem, velhinho, rabugento e um tanto caduco, no entanto tem momentos em que dá umas corridinhas, ensaia brincadeiras, me fazendo lembrar de quando era pequeno.

Depois desse estresse peguei uma gripe, não uma simples gripe, uma daquelas que derruba a gente de tal forma que parece que não vai passar nunca. Como se não bastasse, veio uma grave crise alérgica, com direito à dermatite e urticária, só amenizada com altas doses de corticóide. Os antialérgicos de segunda geração, que não provocam sonolência, não surtiam efeito, precisei tomar os tradicionais, que me deixavam quase um zumbi. Nunca dormi tanto em toda a vida. Meus dias não rendiam, fui ficando angustiada porque não sou de ficar de molho, ao contrário, sou bem ativa, do tipo que não costuma se cansar à toa. Durante esse período difícil, algumas vezes liguei o computador para ler os emails, respondi alguns, li posts que me chamaram a atenção no Google Reader, lamentando a falta de disposição para comentar, visto que havia muita coisa boa.

Bem, por hoje é isso. Peço aos amigos que desculpem pelo sumiço forçado, e vamos em frente, que eu gosto é de sorrir e ser feliz. Afinal, cada fase ruim ultrapassada é motivo de orgulho, de superação, não deve ser valorizada no pior.
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