Fernando Pessoa

30 novembro, 2008
Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.

Imagem: Fabian Perez
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Pelos animais vítimas das enchentes

26 novembro, 2008
Recebi um email da Maristela sobre a situação dos animais vítimas das chuvas que assolam Santa Catarina. Ela encaminhou o email de Ana Corina, do blog Mãe de Cachorro, pedindo ajuda para nossos amiguinhos abandonados à própria sorte, sem água, sem comida, sem remédios.

Por antecipação, faço minhas as palavras da Maristela no post Ajuda aos animais flagelados em Santa Catarina: "E que ninguém ouse me dizer que, numa hora dessas, eu penso em bicho em vez de pensar em gente."

É evidente ter que prestar solidariedade aos desabrigados, que precisam de toda a ajuda possível. Nem se discute tal coisa. No entanto, temos que pensar também na ajuda aos animais, que são muitos e sofrem com fome, sede, frio e medo, do mesmo jeito que os humanos.

Ana Corina, em seu apelo, diz o seguinte:

"Vamos nos mexer para ajudar também aos animais?

Aos poucos as iniciativas começam a aparecer. O maior problema é, sem dúvida, fazer chegar alimentos, cuidados e remédios aos animais necessitados. Além disso, também há a falta de locais apropriados para abrigá-los, mas se ao menos pudermos alimentá-los, já será uma boa ajuda.

Para quem ainda usa da mentalidade "mas e os humanos", tratar do animais não deixa de ser, entre outras coisas, inteligente, já que eles e seus corpos mortos podem vir a ser transmissores de doenças.

Você já pode:

- Começar a arrecadar ração, remédios e artigos para animais;
- Fazer contato com ONGs nacionais e internacionais pedindo ajuda para Santa Catarina;
- Arrumar postos de arrecadação de ração;
- Conversar com seus amigos e conhecidos para ver quem pode ajudar em ações diretas de ajuda aos animais;
- Conseguir apoio de veterinários, estabelecimentos comerciais, enfim, qualquer pessoa que possa contribuir com as ações que serão desencadeadas."




Peço aos amigos que divulguem o pedido da Ana Corina. Qualquer ajuda será bem-vinda.
Em nome dos amados animais, a nossa gratidão.
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Apenas uma remota esperança

02 novembro, 2008
Houve um dia em que eu fazia planos para um futuro que imaginava lindo. Esse dia já vai longe. Tanto vi e aprendi na minha jornada... sonhos, projetos, crenças, alegrias, tristezas, perdas, conquistas, decepções...

Penso nos que estão começando a viver, penso em meu filho, nos filhos de todos, e sinto uma tristeza imensa pelo que está por vir.

O mundo, cada vez mais, vai se tornando inóspito, as pessoas rumam para lugar nenhum. Há alguma coisa no ar que me assusta, não sei explicar, apenas sinto. A humanidade parece uma experiência malsucedida.

Não quero dizer que "no meu tempo era melhor", porque nem sei se era realmente; apenas as coisas da vida se definiam de maneira mais simples e éramos mais ingênuos. Hoje recebemos um volume de informação muito maior do que podemos reter, fator determinante da angústia e ansiedade que nos aflige. A vida acelerou tão de repente que nem tivemos tempo para aprender a lidar devidamente com as constantes mudanças em nosso cotidiano. Queremos tudo e temos nada, estamos vivendo na superficialidade, nos tornando "profundos conhecedores de coisa alguma".

Apesar de ter avançado tanto na ciência e na tecnologia, o ser humano ainda se encontra na adolescência do desenvolvimento emocional. Nossa evolução ainda não atingiu uma distância razoável do primitivismo atávico. Por isso existem as guerras e os conflitos interpessoais.

Há de haver uma saída. Esperança, ainda que remota, é só o que nos resta...
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