Tigres - uma paixão

23 outubro, 2007
Nenhum outro felino tem a beleza de um tigre, nem sua majestade o leão. É triste demais saber que podem ser extintos, caso os programas de proteção não sejam realmente eficazes. Das oito subespécies conhecidas, três já foram extintas entre os anos 40 e 80 do século passado: tigre de Bali, tigre Cáspio e tigre de Java.


Panthera tigris
Nome científico do grande felino que vivia nos vastos territórios do continente asiático, em diferentes ambientes, como savanas, florestas tropicais e áreas rochosas e geladas ao redor da cordilheira do Himalaia. Eles estavam espalhados da Turquia até o extremo leste da Rússia, passando pela Índia e pelas ilhas da Indonésia.
As espécies restantes ocupam atualmente apenas 7% do território original. A caça está proibida, mas continua acontecendo, seja pela pele, usada como suvenir, na confecção de casacos, ou por crendices absurdas, principalmente na China, onde partes do corpo são usadas como remédio. Outro fator é o abate, puro e simples, pois com a redução do seu território e, consequentemente das presas selvagens, o tigre se aproxima das fazendas em busca de alimento, geralmente o gado. Diante dessa situação, calcula-se que restam cerca de 5 mil tigres, somando-se todas as subespécies.



Siberiano - Panthera tigris altaica
É o maior das subespécies. Vive no extremo leste da Rússia, fronteira nordeste entre a Rússia, a China e a Coréia do Norte.



Tigre-de-Bengala - Panthera tigris tigris
Também conhecido como Tigre Indiano, Tigres brancos, com ou sem listras são uma variação do tigre de bengala. O tigre branco não é albino, é um tipo raro de tigre de bengala com um gene recessivo, que pode nascer de dois pais normais. Vivem na região do Himalaia, Índia, Rajastão, Myanmar e Bangladesh.



Da Indochina - Panthera tigris corbetti
São menores e mais escuros que os de Bengala, com listras mais curtas e mais estreitas. Vivem principalmente na Tailândia, mas já foi encontrado em Myanmar, sudeste da China, Camboja, Laos e Vietnã.



De Sumatra - Panthera tigris sumatrae
Possuem o pelo mais escuro dentre todos os tigres, com tiras largas e negras bem próximas e muitas vezes duplas.



Malaio - Panthera tigris jacksoni
Foi descoberto em 2004, a partir de análises genéticas. Seu nome é uma homenagem a Peter Jackson, ambientalista que defendeu a preservação dos tigres por mais de 40 anos. Na forma parece com o Tigre da Indochina, mas no tamanho é como o Tigre de Sumatra.


Pesquisa: National Geographic
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Vinicius de Moraes

19 outubro, 2007

Hoje seria aniversário de Vinicius de Moraes.

Nasceu na madrugada de 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro, aquele que seria o nosso "poetinha".

Esteja em paz, Vinicius.


Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
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Visitando o passado

12 outubro, 2007
Sempre tive muita curiosidade em relação às origens da minha família. Meu avô materno, Adalberto de Cocchiarelli, era um grande contador de histórias, e tive a felicidade de conviver com ele nos dez primeiros anos da minha vida. Era um homem muito alto – 1,97m, magro, mãos enormes, que estava sempre alegre e disposto para uma boa conversa. Gostava de falar sobre a Itália, sua terra natal, descrevendo lugares com tanta riqueza de detalhes que eu podia vê-los na minha imaginação infantil.



O que mais me fascinava era ouvir sobre Venezia, La Serenissima, como ele a chamava, cidade surgida na Laguna Veneta, no Mar Adriático. Contava que os restos mortais do apóstolo Marcos foram levados desde Alexandria até lá, e que construíram para ele uma igreja enorme, linda, numa praça monumental à beira da Laguna. Não faltavam as histórias das guerras, dos doges, das pontes, especialmente a dos Suspiros, por onde passavam os condenados à morte, da importância do comércio, das gôndolas, das canções, do sedutor Casanova, e tantas outras.

O tempo passou, e aos dezessete anos fiz uma longa viagem à Europa. Era um sonho que vinha acalentando há muito tempo, tanto que dispensei a festa de quinze anos, que era o máximo naquela época, para juntar dinheiro e poder realizá-lo. Foram três meses conhecendo culturas diferentes, história, museus, palácios, cidadezinhas bucólicas fora das grandes capitais, coisas que me abriram horizontes para toda a vida. As lembranças são todas intensas, mas nenhuma supera o momento da chegada à Veneza.

Quando o vaporetto se aproximou do cais, na Praça de São Marcos, eu comecei a chorar. Veneza estava ali, diante dos meus olhos, tal qual meu avô a descrevera, parecia um sonho. A tarde caia sobre a laguna, um vento suave parecia me envolver num abraço, e a forte emoção que sentia era um misto de alegria e de saudade. Mamãe, que me acompanhou na viagem, também estava muito comovida e chorava também. Impossível estar em Veneza sem sentir a presença do vovô. Até a voz dele, com aquele sotaque característico, podíamos ouvir, e sei que ele esteve conosco naquele momento.
O interessante é que vovô não era veneziano, era napolitano, só tinha estado em Veneza uma única vez na vida, ainda rapazinho, e acabou se apaixonando para sempre pela cidade.

Meu avô paterno, Giovanni, que chamávamos carinhosamente de vovô Joaninho, era veneziano, o que só fui saber por volta dos meus quinze anos, porque nesse lado da família as pessoas eram bastante reservadas, ainda que afetuosas. Após a morte da vovó, ele vinha todas as semanas passar uns dois dias em nossa casa. Costumava sentar comigo e com a maninha para nos ajudar com os deveres da escola, principalmente matemática e inglês, matérias que ele dominava, pois fora engenheiro da Light, uma companhia inglesa de fornecimento de energia. Fora essas horas, quase não conversávamos com ele.
Até que certa vez tomei coragem e perguntei sobre o nosso sobrenome - Vernieri, porque me intrigava não conhecer outras pessoas fora da família com esse sobrenome, diferentemente de tantos outros que se repetiam em famílias distintas. Ele, então, respondeu que seus pais contavam que Vernieri, Verniero, Vernier, Verniere eram variantes de Venier, nome de família do doge veneziano Antonazzo Venier, nosso ancestral. Foi lacônico, num tom de voz sem qualquer entusiasmo, me lembro bem; não me senti confortável em perguntar mais nada, apesar de não ter saciado a minha curiosidade.


Moedas do tempo de Antonazzo

Assim, quando estive em Veneza, pesquisei e descobri que existiu mesmo o Doge Antonazzo Venier, ou Vernier - encontrei as duas grafias, que governou entre 1382 e 1400, e era considerado um homem com grande senso de justiça. Sua cripta está em Campo SS. Giovanni e Paolo, uma antiga e belíssima basílica dominicana, onde estão também as criptas de outros doges.


Francesco

Em 1553, Francesco Venier, descendente de Antonazzo, foi eleito Doge de Veneza. Governou por um breve período porque sua saúde frágil o levou à morte três anos depois, em 2 de junho de 1556. Ficou conhecido pela personalidade austera e pela moderação nas decisões que tomava. O pintor Titian (Tiziano Vecellio) fez seu retrato, e a obra se encontra hoje no museu Thyssen-Bornemisza, em Lugano, na Suiça.


Sebastiani

O sobrinho de Francesco, Sebastiani Venier, foi o vitorioso comandante da frota veneziana na Batalha de Lepanto, considerado um herói, se tornou doge em 1577, aos 81 anos, e morreu no ano seguinte. Sua cripta também está em Campo SS. Giovanni e Paolo, e ainda uma imponente estátua em bronze, encomendada, em 1907, ao escultor italiano Dal Zotto.

Mais recentemente, pesquisando na Internet, encontrei outro ramo da família, em Salerno, onde há uma grande avenida chamada Via Michele Vernieri, e também uma estação de trem, Stazione Duomo Via Vernieri.

A comuna de Vietri Sul Mare, na província de Salerno, compõe a Costa Amalfitana, uma das regiões mais bonitas da Itália, declarada Patrimônio da Humanidade.



A pesquisa foi muito superficial, mas pretendo aprofundá-la à medida que o tempo permita. Queria tanto saber mais sobre tudo isso...

Estou nostálgica esta noite.
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Blogagem mundial

04 outubro, 2007


Hoje, 04 de outubro de 2007, blogueiros do mundo todo se unem em apoio ao povo da Birmânia, que vem sofrendo com a violência brutal de um regime autoritário e implacável.

Todos os dias temos acompanhado o noticiário relatando a covarde repressão do governo militar contra as manifestações pacíficas dos monges Shi-Kai-rui, que têm sido protegidos por uma corrente humana da população civil.

O New York Times publicou uma reportagem sobre a importância da Internet na divulgação do que vem ocorrendo na Birmânia com a seguinte manchete: "Internet vira arma contra militares em Mianmar".

Desde sexta-feira, 28 de setembro, o governo bloqueou a Internet para impedir a divulgação de fotos, vídeos e relatos na rede sobre os acontecimentos locais. Segundo David Mathieson, especialista em estudos sobre Mianmar na organização de proteção dos direitos humanos Human Rights Watch, existem apenas dois provedores no país e, portanto, não foi difícil fechá-los. Além da internet, a Junta Militar interrompeu a maior parte do acesso telefônico ao mundo exterior e os soldados nas ruas confiscam câmeras fotográficas e celulares com câmeras de vídeo. Os jornais locais estão sob severa vigilância, e os jornalistas que burlam o bloqueio são ameaçados e presos. Mathieson contou ainda que os dissidentes estão exportando imagens clandestinamente pelos celulares primeiro desmembrando os arquivos e, em seguida, reunindo-os novamente.

Não podemos nos omitir diante de uma situação como essa. Por isso, ao saber da blogagem, fiz questão de participar. As humanidade precisa se unir, sempre, não apenas por essa causa, mas por toda e qualquer causa que defenda a liberdade e os direitos humanos.
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Em algum lugar entre as estrelas

01 outubro, 2007


À medida que os anos passam, vamos acumulando saudade. Pessoas que amamos saem de nossas vidas e deixam um espaço que não pode mais ser preenchido. É verdade que uns partem e outros chegam, mas cada um é único, não pode ser substituído. Os que chegam são fonte nova de energia, revitalizam nossas esperanças, iluminam nossa estrada, nos trazem consolo e alegria, porém não podem ocupar o vazio deixado pelos que partiram. Assim vamos vivendo com o saldo de nossas perdas e ganhos, pois a vida é isso, não há como alterar o seu curso, há que se conformar.

Chegará o dia em que partiremos também, deixando vazio nosso espaço. Iremos, então, nos juntar aos que já alcançaram a luz. Habitaremos uma dimensão diversa, da qual nada sabemos realmente, mas a intuimos no mais profundo de nós mesmos.
Deve ser lá, em algum lugar entre as estrelas...
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