Elis Regina - in memoriam

19 janeiro, 2012
Trinta anos passaram. Elis morreu em 19 de janeiro de 1982, sem despedidas, sem nem sabermos porque partiu.

Lembrando dela, lembrei também de um poema de Drummond, escrito para seu grande amigo Pedro Nava que se suicidou sem deixar uma linha sequer sobre a motivação do ato extremo. O poema se intitula A um ausente, e transcrevo aqui apenas os versos que expressam meus sentimentos sobre a partida de Elis.



Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.

Antecipaste a hora.
Teu ponteiro enlouqueceu...

... o ato que não ousamos nem sabemos ousar
porque depois dele não há nada?

nem nos deixaste sequer o direito de indagar
porque o fizeste, porque te foste.


Não creio na vida após a morte, e uma das poucas passagens bíblicas de algum significado para mim está em Genesis 3:1:9: No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.

Somos poeira cósmica e a ela retornaremos um dia, isso é tudo em que acredito. Fica de nós a obra realizada, até que o último que se lembre esteja vivo. Por isso, Elis permanecerá por muito tempo ainda.

Música que amo de paixão, e que têm em Elis a sua mais perfeita intérprete.


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