Minha prece de Natal

23 dezembro, 2007
Sognamo un mondo senza più violenza, un mondo di giustizia e di speranza.



The Prayer - Josh Groban & Angie Stone
Compositores: David Walter Foster, Carole Bayer Sager, Alberto Testa e Tony Renis


I pray you'll be our eyes / And watch us where we go
And help us to be wise / In times when we don't know
Let this be our prayer / When we lose our way
Lead us to a place / Guide us with your grace
To a place where we'll be safe

La luce che tu dai / (I pray we'll find your light)
Nel cuore resterà / (And hold it in our hearts)
A ricordarci che / (When stars go out each night)
Eterna stella sei / (Whoa)
Nella mia preghiera / (Let this be our prayer)
Quanta fede c'è / (When shadows fill our day)

Lead us to a place / (Guide us with your grace)
Give us faith so we'll be safe

Sogniamo un mondo senza più violenza / Un mondo di giustizia e di speranza
Ognuno dia la mano al suo vicino / Simbolo di pace, di fraternità
La forza che ci dà / (We ask that life be kind)
È il desiderio che / (And watch us from above)
Ognuno trovi amor / (We hope each soul will find)
Intorno e dentro sé / (Another soul to love)

Let this be our prayer / (Let this be our prayer)
Just like every child / (Just like every child)
Need to find a place / Guide us with your grace
Give us faith so we'll be safe

È la fede che / Hai acceso in noi
Sento che ci salverà
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Que a justiça não escoe pelo ralo

17 dezembro, 2007
Ontem, 16 de dezembro, foi o aniversário de 20 anos de Flavia. São quase dez anos desde o terrível acidente que a deixou em coma vigil, interrompendo bruscamente seus sonhos de menina. É por ela e pela sua família que clamamos por justiça, pois até hoje não foram condenados os responsáveis pela fabricação e pela instalação do ralo da piscina.

Eu queria muito de ter podido escrever mais sobre o assunto, porém estamos todos aqui em casa com febre e dores no corpo, talvez seja dengue. Por esse motivo, aceitei a sugestão da Odele e estou transcrevendo o texto que ela publicou no blog da Flavia em 05.12.2007.

RALOS DE PISCINAS - EXIJA FISCALIZAÇÃO
Texto de Odele Souza

Este blog existe, porque minha filha Flavia, que em poucos dias completará 20 anos de idade, está em coma vigil há quase 10 anos, desde que um acidente com RALO DE PISCINA lhe interrompeu a infância saudável. Este blog existe porque o acidente acontecido com Flavia já havia acontecido com outras crianças e continuou a acontecer, no Brasil, em Portugal, nos Estados Unidos, Na França, na Rússia... E este blog existe porque apesar da ação devastadora dos acidentes causados por ralos de piscina, locais e empresas responsáveis pela venda, instalação e manutenção desses ralos que compõem os sistemas de sucção de piscinas, continuam indiferentes à sorte das vítimas, continuam na impunidade, mesmo muitos anos depois da ocorrência das tragédias.

É preciso urgência na fiscalização da venda, instalação e manutenção dos sistemas de sucção de piscinas. É preciso punição exemplar para quem cometeu ou venha a cometer negligências com a segurança dos sistemas de sucção de piscinas. É preciso cobrar agilidade da justiça na proteção das vítimas.

Como eu disse no post anterior, sozinhos fica difícil, mas juntos, somos poderosos. Por isso, peço a adesão de vocês na blogagem coletiva que estará acontecendo no próximo dia 17 de Dezembro, para aumentar a visibilidade da história de Flavia que é apenas um exemplo, não só no Brasil mas no mundo, da negligência, da impunidade e do desrespeito aos direitos humanos de todos nós.

Muito obrigada.

EM TEMPO: A empresa fabricante do ralo de piscina que causou o acidente que deixou Flavia em coma irreversível e que até hoje não foi condenada pela justiça brasileira a indenizar Flavia, conforme venho mencionando em posts anteriores, é a JACUZZI DO BRASIL.
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Flores para eles

09 dezembro, 2007
04.12 - nascimento de Rainer Maria Rilke, poeta que marcou profundamente a minha juventude;

08.12 - nascimento e morte de Florbela Espanca, poeta que me fascina especialmente; e morte de John Lennon, ícone da música de toda uma geração;

09.12 - faz hoje 30 anos da morte de Clarice Lispector, aquela que se dizia mais que uma escritora, uma "sentidora".

A pantera - Rainer Maria Rilke

De tanto olhar as grades seu olhar
esmoreceu e nada mais aferra.
Como se houvesse só grades na terra:
grades, apenas grades para olhar.

A onda andante e flexível do seu vulto
em círculos concêntricos decresce,
dança de força em torno a um ponto oculto
no qual um grande impulso se arrefece.

De vez em quando o fecho da pupila
se abre em silêncio. Uma imagem, então,
na tensa paz dos músculos se instila
para morrer no coração.


Mistério - Florbela Espanca

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!


John Lennon

Se o homem buscasse a conhecer-se a si mesmo primeiramente, metade dos problemas do mundo estariam resolvidos.

...então eu pergunto: porque não dar uma chance para a paz?

Realize o seu próprio sonho. Você mesmo vai ter de fazer isso... eu não posso acordar você. Você é quem pode se acordar.

O que nós temos de fazer é manter viva a esperança. Porque sem esperança nós todos vamos naufragar.


Clarice Lispector

Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha - morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora.

Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...

Meu tema é o instante? Meu tema de vida. Procuro estar a par dele, divido-me milhares de vezes, em tantas vezes quanto os instantes que decorrem, fragmentária que sou e precários os momentos - só me comprometo com a vida que nasça com o tempo e com ele cresça: só no tempo há espaço para mim.
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Dia mundial de luta contra a AIDS

01 dezembro, 2007
A ignorância é o maior de todos os males.

Hoje, 1° de dezembro de 2007, mais uma vez o mundo se mobiliza em ações para o combate à AIDS. Governos, personalidades, organizações diversas, e até nós, pessoas comuns, todos unidos nessa causa.

O Dia Mundial de luta contra a AIDS foi criado pela Assembléia Mundial de Saúde, com o apoio da ONU, em outubro de 1987. Nessa data o mundo se une em solidariedade aos infectados pelo HIV, se manifestando claramente contra o preconceito em relação à doença, angariando fundos para ajuda humanitária e conscientizando sobre a necessidade da prevenção.

A aids é uma doença que se manifesta após a infecção do organismo humano pelo Vírus da Imunodeficiência Humana, mais conhecido como HIV - Human Immunodeficiency Virus, ou AIDS - Acquired Immune Deficiency Syndrome.

A ONU divulgou num relatório, através da Unaids, em novembro passado, que o número de infectados no mundo chega aos 33 milhões. Desse total, 1 milhão e seiscentos mil estão na América Latina, cabendo ao Brasil 620 milhões de pessoas com a doença. Na África, onde a incidência é alarmante, os números continuam crescendo, principalmente na região subsaariana, a mais afetada pela doença no mundo. Na Ásia, a epidemia começou mais tarde que em outras partes do mundo, mas atualmente se aproxima da África a passos largos.

No começo da epidemia, pelo fato da AIDS atingir, principalmente, os homens homossexuais, os usuários de drogas injetáveis e os hemofílicos, foram esses considerados grupos de risco. Atualmente, fala-se em comportamento de risco e não mais em grupo de risco, pois o vírus passou a se espalhar de forma geral, não mais se concentrando apenas nesses grupos específicos; aumentou o número de heterossexuais infectados, mais ainda entre mulheres.

Até que os cientistas consigam uma vacina, ou mesmo a cura, a única defesa é a conscientização, que consiste, sobretudo, em informação. Conhecer as formas de contaminação e de prevenção é fundamental para a sobrevivênvia da raça humana diante da AIDS; não estou sendo alarmista, estou sendo realista, pois enquanto a desinformação persistir, estaremos em perigo.
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Fernando Pessoa

30 novembro, 2007
Fernando Pessoa partiu em 30 de novembro de 1935. Para onde foi, não sei, sou um um mar de questionamentos. Quem sabe, deve estar lá entre as estrelas... Dele ficou a obra, sua percepção das coisas, seu pensamento inquieto, louco e lúcido a um só tempo.

Escolhi um poema de seu heterônimo Álvaro de Campos para homenageá-lo nessa data. Entre tantos, é dos meus preferidos, principalmente por traduzir o poeta dramático que ele foi.

Seja o que for

Seja o que for que esteja no centro do Mundo,
Deu-me o mundo exterior por exemplo de Realidade,
E quando digo "isto é real", mesmo de um sentimento,
Vejo-o sem querer em um espaço qualquer exterior,
Vejo-o com uma visão qualquer fora e alheio a mim.

Ser real quer dizer não estar dentro de mim.
Da minha pessoa de dentro não tenho noção de realidade.
Sei que o mundo existe, mas não sei se existo.
Estou mais certo da existência da minha casa branca
Do que da existência interior do dono da casa branca.
Creio mais no meu corpo do que na minha alma,
Porque o meu corpo apresenta-se no meio da realidade.
Podendo ser visto por outros,
Podendo tocar em outros,
Podendo sentar-se e estar de pé,
Mas a minha alma só pode ser definida por termos de fora.
Existe para mim — nos momentos em que julgo que efetivamente
existe —
Por um empréstimo da realidade exterior do Mundo

Se a alma é mais real
Que o mundo exterior como tu, filósofos, dizes,
Para que é que o mundo exterior me foi dado como tipo da realidade?

Se é mais certo eu sentir
Do que existir a cousa que sinto —
Para que sinto
E para que surge essa cousa independentemente de mim
Sem precisar de mim para existir,
E eu sempre ligado a mim-próprio, sempre pessoal e intransmissível?
Para que me movo com os outros
Em um mundo em que nos entendemos e onde coincidimos
Se por acaso esse mundo é o erro e eu é que estou certo?
Se o Mundo é um erro, é um erro de toda a gente.
E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas.
Cousa por cousa, o Mundo é mais certo.

Mas por que me interrogo, senão porque estou doente?
Nos dias certos; nos dias exteriores da minha vida,
Nos meus dias de perfeita lucidez natural,
Sinto sem sentir que sinto,
Vejo sem saber que vejo,
E nunca o Universo é tão real como então,
Nunca o Universo está (não é perto ou longe de mim.
Mas) tão sublimemente não-meu.

Quando digo "é evidente", quero acaso dizer "só eu é que o vejo"?
Quando digo "é verdade", quero acaso dizer "é minha opinião"?
Quando digo "ali está", quero acaso dizer "não está ali"?
E se isto é assim na vida, por que será diferente na filosofia?
Vivemos antes de filosofar, existimos antes de o sabermos,
E o primeiro fato merece ao menos a precedência e o culto.

Sim, antes de sermos interior somos exterior.
Por isso somos exterior essencialmente.

Dizes, filósofo doente, filósofo enfim, que isto é materialismo.
Mas isto como pode ser materialismo, se materialismo é uma filosofia,
Se uma filosofia seria, pelo menos sendo minha, uma filosofia minha,
E isto nem sequer é meu, nem sequer sou eu?
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Sinais de velhice

29 novembro, 2007
Você descobre que está envelhecendo quando...

Fazer sexo em cama de solteiro passa a ser um absurdo.

Dentro do carro, nem pensar!

Há mais comida do que cerveja e vinho na sua geladeira.

Seis da manhã é quando você acorda e não quando vai dormir.

Escuta sua música favorita dentro de um elevador.

Carrega um guarda-chuva e dá a maior importância à previsão do tempo.

Seus amigos se casam e se divorciam ao invés de ficarem e terminarem.

Suas férias caem de 130 para 15 dias por ano.

Calça jeans e camiseta não são mais consideradas roupas de sair.

Você é quem chama a polícia quando a molecada do vizinho não abaixa o som.

Não sabe mais a que horas as lanchonetes de fast-food fecham.

Dormir no sofá lhe dá dor nas costas.

Não tira mais aquele cochilo do meio-dia até às 18 horas durante a semana.

Vai à farmácia para comprar remédios para dor de cabeça, relaxantes musculares ou antiácidos, ao invés de Engov, camisinha ou teste de gravidez.

Você come a comida do café da manhã na hora do café da manhã.

Passa 90% do seu tempo em frente ao computador, trabalhando de verdade.

Não precisa mais, antes de sair, beber sozinho em casa para economizar dinheiro na night.

Lê essa mensagem e fica procurando algum item que não se aplique a você.

Já tem, pelo menos, uns 20 amigos para repassar esse texto.

Então, você se lembra de como é bom ter amigos, coisa que o tempo não é capaz de envelhecer...
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Ah, implacável tempo!

22 novembro, 2007
Os dias passam depressa. Tenho sempre tantas coisas a fazer, coisas importantes, outras nem tanto, que me ocupam de tal modo a não sobrar senão poucas horas para organizar meus pensamentos. Muitas vezes, em meio a uma tarefa cotidiana, me vem alguma percepção e, naquele exato momento, não posso interromper o que estou fazendo para refletir a respeito. O pior é que ao tentar retomar o pensamento mais tarde dificilmente ele volta como antes. Isso me deixa frustada, e com uma certa irritação por sentir que talvez esteja perdendo coisas importantes na minha vida.

O tempo não perdoa, é impiedoso com o minuto que passa, não permite retorno, e na estrada da vida só se pode seguir em frente; há desvios, é verdade, que até parecem nos levar de volta a um ponto anterior, mas é apenas um engano. Se tentamos refazer o mesmo caminho é decepção na certa. A paisagem estará transformada, os sons serão diferentes, os cheiros serão outros, muitas pessoas que o percorreram conosco não mais estarão lá, as que ainda estiverem podem não ser reconhecidas e, principalmente, nós não seremos os mesmos.

Ah, implacável e cruel tempo, que a tudo destrói inexoravelmente... Se sobrevivemos o suficiente para muito envelhecermos, até nossas doces lembranças ele nos toma, apagando-as para sempre de nossa memória...
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Justiça para Flavia de Souza

19 novembro, 2007
Em janeiro de 1998, Flavia teve seus cabelos sugados pelo ralo da piscina do condomínio onde vivia com a mãe, Odele, e o irmão mais velho, Fernando. A menina, então com 10 anos, ficou submersa por vários minutos, teve parada cardio-respiratória, jamais se recuperou, e vive em coma vigil até hoje, estado considerado irreversível pelos médicos que a tratam.

Odele processou o CONDOMÍNIO JARDIM DA JURITI, a AGF BRASIL SEGUROS e a JACUZI DO BRASIL, cada um em seu respectivo grau de responsabilidade na tragédia. São nove anos esperando que seja feita justiça, esperando, esperando...

Em janeiro deste ano, Odele criou um blog para protestar contra a lentidão da justiça e também para alertar sobre o perigo de tais ralos. Ela faz questão de relatar casos como o de sua filha ocorridos no Brasil e em outros países.

Visitei o blog "Flavia, Vivendo em Coma...", e fiquei ali por um par de horas. Li todos os posts, começando pelo primeiro, escrito em 01.01.2007, onde Odele termina com a seguinte frase: "Flavia segue em coma. E a justiça brasileira também". À medida que lia os relatos dessa mãe, me colocava em seu lugar e sofria com ela a sua dor.

Trazer Flavia de volta, fazê-la acordar desse sono misterioso que é o coma, isso não está em nossas mãos, mas há muitas coisas a serem feitas para aliviar o sofrimento dela e de seus entes queridos. É com esse espírito que estou me unindo a tantos outros amigos, virtuais ou não, para que juntos façamos tudo que for possível para ajudar essa família atingida brutalmente pela tragédia.

Que nossas vozes, unidas a de Odele, soem bem alto, tão alto que seja ouvida pela justiça de nosso país, justiça que se faz de surda quando a reinvidicação vem do povo, enquanto é célere e tendenciosa se acionada pelos poderosos.

Convido a todos que por aqui passarem a visitar o blog da Flavia, escrito por uma mãe guerreira, digna e merecedora do nosso apoio.

Flavia, Vivendo em Coma...
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Dia de chuva

16 novembro, 2007
Como é bom um dia de chuva em pleno feriado no Rio de Janeiro. Num dia assim o silêncio é um luxo a ser desfrutado. O carioca, em sua maioria, adora calor, barulho e muita bagunça. A cidade se agita na proporção que o calor aumenta, porém quando chove e esfria um pouco o povo se recolhe.

Nasci no Rio, e aqui tenho vivido. A cidade é linda, geograficamente falando, principalmente se vista do alto, mas de perto é feia, suja e cheira mal. Pessoas mal-educadas infestam todos os cantos, perturbando o sossego de alguns poucos que insistem em ser civilizados. Crianças histéricas, querendo chamar a atenção aos gritos, filhos de pais ausentes, criados por empregadas, entregues à própria sorte. É impressionante como fazem filho sem qualquer estrutura familiar que permita criá-los de maneira sensata. E os outros que aturem...

Fiz de tudo para sair daqui e ir viver em uma cidade serrana, mas nada deu certo, parece um carma que tenho que cumprir. Eu quero muito viver o que me resta cercada de verde, um riachinho próximo, clima ameno, longe, bem longe dessa neurose urbana. Ainda não desisti desse sonho.

O texto que segue expressa perfeitamente o que eu sinto. Se talento eu tivesse poderia tê-lo escrito, sem mudar uma vírgula sequer. Foi publicado no jornal O Globo faz algum tempo.

Hostil à inteligência
Berilo Vargas


O Rio é uma cidade surda. É também uma cidade rouca. E uma cidade do barulho, no sentido próprio e no figurado.

Não poderia ser de outra forma. Em ruas, casas, apartamentos, restaurantes, botequins, qualquer um é livre para produzir todos os ruídos que quiser. Pode abrir a janela e gritar até perder a voz; debruçar-se sobre a buzina do carro até esgotar a bateria; reunir os amigos para um churrasco no terraço – ou na varanda – e ouvir pagode e ópera, alta madrugada, até ensurdecer o quarteirão; martelar, serrar, soltar fogos, estalar o chicote a qualquer hora do dia ou da noite; cantar na rua ressaltando a desafinação com um alto-falante. Tudo lhe será permitido, como parte da bagagem constitucional de direitos individuais inalienáveis.

Assim, aos gritos e golpes de marreta – e com a ajuda desinteressada de representantes locais livremente eleitos pelo voto – a grande metrópole carioca tornou-se o paraíso da mais absoluta liberdade sonora. Só é um inferno para aqueles que violam essa convenção informal de permissividade coletiva e fazem questão de dormir, ler, estudar, conversar, ver um filme em casa humanamente. Esses eternos deslocados constituem uma minoria verdadeiramente silenciosa – tão silenciosa que jamais será ouvida ou levada em conta.

Na prática, não existem mecanismos sociais de controle de som, ou instrumentos legais para obrigar alguém a baixar o volume. Nesse particular pelo menos, os códigos de conduta, as normas de etiqueta pertencem à nossa pré-história. Pior do que isso: foram invertidos. Pedir a alguém que faça menos barulho, por favor, passou a ser insulto de extrema gravidade. Justifica qualquer reação violenta. E quem se atreve a cometer essa afronta aos costumes liberais modernos fica malvisto e expõe-se a abusos.

A vítima de um ataque sonoro logo se dará conta de que está desprotegida. Não pode contar com a ajuda do poder público. Se ligar para o 190, ouvirá algo assim: “Dê seu nome e endereço, para mandarmos uma viatura. Os policiais acompanharão o senhor para tentar resolver isso da melhor maneira”, dirá a telefonista. Mesmo acompanhado por uma guarnição da Polícia Militar, bem armada e apta a lidar com indivíduos irascíveis em situações extremas, pode não ser boa idéia. Lembre-se, quem está procurando encrenca é você e não o vizinho barulhento. Ele quer apenas se divertir. Além disso, um diálogo com uma fonte de barulho tende a ser um monólogo, onde ela esbraveja e você fica surdo e é melhor que também fique mudo.

Se tentar uma abordagem mais leve, e pedir ajuda à Polícia Civil, será orientado a procurar o Disque-Barulho, da Secretaria municipal do Meio Ambiente. Ali será gentilmente informado de que o Disque-Barulho só atende a denúncias relativas a pontos fixos. Se o seu vizinho for móvel, além de barulhento, não se qualifica.

Dizia Schopenhauer – com aquela argúcia e sabedoria dos filósofos que dispensam a banalidade da comprovação científica – que a tolerância ao barulho está na razão inversa do tamanho da inteligência. Quanto mais tapado, mais indiferente ao ruído. Para o indivíduo inteligente, o estalar de um chicote distante é sempre uma chicotada na própria carne. Porque a violência sonora interrompe rudemente aquele constante monólogo interior que Shakespeare chamava memoravelmente de sweet silent thought, o suave e silencioso ato de pensar.

Se o teorema do grande pessimista alemão vale não só para indivíduos, mas também para comunidades e povos, pobres de nós. Está tudo explicado.
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Cecília Meireles

12 novembro, 2007

Com tantos contratempos na semana passada, acabei esquecendo de Cecília Meireles, nossa grande poeta, que nasceu e morreu no mês de novembro, respectivamente nos dias 07 e 09. Ano passado fizemos uma blogagem coletiva para homenageá-la, mas este ano acho que ninguém lembrou...


Aqui Está minha Vida
Aqui está minha vida - esta areia tão clara
com desenhos de andar dedicados ao vento.
Aqui está minha voz - esta concha vazia,
sombra de som curtindo o seu próprio lamento.
Aqui está minha dor - este coral quebrado,
sobrevivendo ao seu patético momento.
Aqui está minha herança - este mar solitário,
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento.
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Fora do ar

08 novembro, 2007
Estive fora do ar por quase uma semana. O temporal do dia 1° no Rio causou estragos também nos computadores aqui de casa, e isso num feriado. Só na segunda-feira foi possível começar a resolver os problemas. Por conta desse transtorno não pude participar da blogagem pela Ana Virginia, o que me deixou mais frustrada ainda. Só não foi pior porque assinei a petição na véspera da pane. Hoje retomo o blog, leio e respondo os emails, enfim, é a vida voltando à normalidade.


Feliz é quem se reencontra com prazer ao despertar, reconhecendo-se como a pessoa que gosta de ser.
Paul Valéry

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Paz - Eu quero acreditar

01 novembro, 2007
A palavra paz pode ter várias conotações, pois sua utilização se aplica na relação entre nações, entre pessoas e também na relação do indivíduo com ele mesmo. Todas as definições contêm a expressão: ausência de conflito. Para entendermos a paz precisamos entender sua antítese, o conflito.

Conflito significa um profundo enfrentamento de interesses e de idéias. Quando se instala um conflito e não se chega a um mediador comum, corre-se o risco do enfrentamento de forças, que são, entre indivíduos, as violências da vida social, entre nações, as guerras.

A modernidade melhorou consideravelmente a qualidade de vida do ser humano. Fico pensando a respeito, e me reporto aos bilhões de pessoas que habitam a Terra. Quantos são os que usufruem dessa modernidade? E quantos são os que ficam de fora? Apenas uma parcela mínima tem acesso às maravilhas do mundo moderno; a imensa parcela restante não possui sequer o elementar para sobreviver. Quantos são os países ricos e, portanto, poderosos? Quantos são os que vendem a alma do seu povo para tentar se juntar à cúpula do planeta? Quantos são os que teimam em existir, apesar de viverem na idade das trevas e de serem ignorados pelos demais?

No âmbito das nações está a sede de poder, e para alcançá-lo ou mantê-lo, qualquer meio é utilizado, não importando o quanto de destruição possa causar. São guerras e mais guerras travadas por motivos quase sempre banais, porque nenhum deles pode justificar tanto sangue derramado. Países, raças, fronteiras, tudo uma ficção; quando se fala desse ou daquele país se está falando das pessoas que o habitam. O que existe é o ser humano, com diferenças étnicas e culturais, mas com a mesma identidade da espécie.

Não é possível falar sobre paz sem mencionar o indivíduo; é nele que ela se concretiza. Pouco adianta exaltar a paz em tratados, livros, poemas, canções, todos tocantes e maravilhosos, se ela não for uma determinação permanente no coração humano. Somente assim, cultivada num coração pacífico, ela pode germinar e se multiplicar em outros corações, conduzindo todos à fraternidade.

O primeiro passo para alcançar a paz é torná-la realidade dentro de nós, muito além das palavras vazias, das frases de efeito, do politicamente correto. Ela não pode permanecer como coisa abstrata, isso não é a paz. Tão pouco acontece por obra do acaso, é aprendizado árduo, contínuo, pessoal, para se atingir harmonia e equilíbrio no agir e reagir, usando da ponderação, descartando a parcialidade, o egoísmo, o rancor e o ódio. Se não for assim, nos tornamos hipócritas a empunhar bandeiras sem convicção e sem exemplo pessoal, como tantos entre os que vestem branco e saem em passeatas pedindo paz, mas vivem em desarmonia com familiares, com vizinhos, não ouvem o que o outro tem a dizer, fazem intrigas, traem os companheiros e os amigos, desrespeitam as leis de trânsito, sujam as ruas, ligam apelhos de som num volume ensurdecedor, desdenham dos menos favorecidos, são preconceituosos e intolerantes, enfim, pessoas cujas as atitudes são o oposto daquilo que apregoam. Vemos isso todos os dias.

Se os amigos que visitam este blog repararam, não sei, pois nenhum se manifestou a respeito, seja nos comentários ou nos emails que costumamos trocar. No lugar destinado ao perfil está apenas: "Eu quero acreditar..."

Escrevi exatamente o que sinto, o que sou. Tudo que vejo à minha volta me conduz a não vislumbrar um futuro para a humanidade. No entanto, dentro de mim ainda resta uma chama de esperança que me impede de entregar os pontos e me faz seguir em frente na determinação de cumprir o que me cabe. Não é muito, nem sequer o bastante, eu sei, e mesmo assim eu quero acreditar...



Agradeço ao Lino Resende o convite para participar da blogagem coletiva.
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Tigres - uma paixão

23 outubro, 2007
Nenhum outro felino tem a beleza de um tigre, nem sua majestade o leão. É triste demais saber que podem ser extintos, caso os programas de proteção não sejam realmente eficazes. Das oito subespécies conhecidas, três já foram extintas entre os anos 40 e 80 do século passado: tigre de Bali, tigre Cáspio e tigre de Java.


Panthera tigris
Nome científico do grande felino que vivia nos vastos territórios do continente asiático, em diferentes ambientes, como savanas, florestas tropicais e áreas rochosas e geladas ao redor da cordilheira do Himalaia. Eles estavam espalhados da Turquia até o extremo leste da Rússia, passando pela Índia e pelas ilhas da Indonésia.
As espécies restantes ocupam atualmente apenas 7% do território original. A caça está proibida, mas continua acontecendo, seja pela pele, usada como suvenir, na confecção de casacos, ou por crendices absurdas, principalmente na China, onde partes do corpo são usadas como remédio. Outro fator é o abate, puro e simples, pois com a redução do seu território e, consequentemente das presas selvagens, o tigre se aproxima das fazendas em busca de alimento, geralmente o gado. Diante dessa situação, calcula-se que restam cerca de 5 mil tigres, somando-se todas as subespécies.



Siberiano - Panthera tigris altaica
É o maior das subespécies. Vive no extremo leste da Rússia, fronteira nordeste entre a Rússia, a China e a Coréia do Norte.



Tigre-de-Bengala - Panthera tigris tigris
Também conhecido como Tigre Indiano, Tigres brancos, com ou sem listras são uma variação do tigre de bengala. O tigre branco não é albino, é um tipo raro de tigre de bengala com um gene recessivo, que pode nascer de dois pais normais. Vivem na região do Himalaia, Índia, Rajastão, Myanmar e Bangladesh.



Da Indochina - Panthera tigris corbetti
São menores e mais escuros que os de Bengala, com listras mais curtas e mais estreitas. Vivem principalmente na Tailândia, mas já foi encontrado em Myanmar, sudeste da China, Camboja, Laos e Vietnã.



De Sumatra - Panthera tigris sumatrae
Possuem o pelo mais escuro dentre todos os tigres, com tiras largas e negras bem próximas e muitas vezes duplas.



Malaio - Panthera tigris jacksoni
Foi descoberto em 2004, a partir de análises genéticas. Seu nome é uma homenagem a Peter Jackson, ambientalista que defendeu a preservação dos tigres por mais de 40 anos. Na forma parece com o Tigre da Indochina, mas no tamanho é como o Tigre de Sumatra.


Pesquisa: National Geographic
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Vinicius de Moraes

19 outubro, 2007

Hoje seria aniversário de Vinicius de Moraes.

Nasceu na madrugada de 19 de outubro de 1913, no Rio de Janeiro, aquele que seria o nosso "poetinha".

Esteja em paz, Vinicius.


Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
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Visitando o passado

12 outubro, 2007
Sempre tive muita curiosidade em relação às origens da minha família. Meu avô materno, Adalberto de Cocchiarelli, era um grande contador de histórias, e tive a felicidade de conviver com ele nos dez primeiros anos da minha vida. Era um homem muito alto – 1,97m, magro, mãos enormes, que estava sempre alegre e disposto para uma boa conversa. Gostava de falar sobre a Itália, sua terra natal, descrevendo lugares com tanta riqueza de detalhes que eu podia vê-los na minha imaginação infantil.



O que mais me fascinava era ouvir sobre Venezia, La Serenissima, como ele a chamava, cidade surgida na Laguna Veneta, no Mar Adriático. Contava que os restos mortais do apóstolo Marcos foram levados desde Alexandria até lá, e que construíram para ele uma igreja enorme, linda, numa praça monumental à beira da Laguna. Não faltavam as histórias das guerras, dos doges, das pontes, especialmente a dos Suspiros, por onde passavam os condenados à morte, da importância do comércio, das gôndolas, das canções, do sedutor Casanova, e tantas outras.

O tempo passou, e aos dezessete anos fiz uma longa viagem à Europa. Era um sonho que vinha acalentando há muito tempo, tanto que dispensei a festa de quinze anos, que era o máximo naquela época, para juntar dinheiro e poder realizá-lo. Foram três meses conhecendo culturas diferentes, história, museus, palácios, cidadezinhas bucólicas fora das grandes capitais, coisas que me abriram horizontes para toda a vida. As lembranças são todas intensas, mas nenhuma supera o momento da chegada à Veneza.

Quando o vaporetto se aproximou do cais, na Praça de São Marcos, eu comecei a chorar. Veneza estava ali, diante dos meus olhos, tal qual meu avô a descrevera, parecia um sonho. A tarde caia sobre a laguna, um vento suave parecia me envolver num abraço, e a forte emoção que sentia era um misto de alegria e de saudade. Mamãe, que me acompanhou na viagem, também estava muito comovida e chorava também. Impossível estar em Veneza sem sentir a presença do vovô. Até a voz dele, com aquele sotaque característico, podíamos ouvir, e sei que ele esteve conosco naquele momento.
O interessante é que vovô não era veneziano, era napolitano, só tinha estado em Veneza uma única vez na vida, ainda rapazinho, e acabou se apaixonando para sempre pela cidade.

Meu avô paterno, Giovanni, que chamávamos carinhosamente de vovô Joaninho, era veneziano, o que só fui saber por volta dos meus quinze anos, porque nesse lado da família as pessoas eram bastante reservadas, ainda que afetuosas. Após a morte da vovó, ele vinha todas as semanas passar uns dois dias em nossa casa. Costumava sentar comigo e com a maninha para nos ajudar com os deveres da escola, principalmente matemática e inglês, matérias que ele dominava, pois fora engenheiro da Light, uma companhia inglesa de fornecimento de energia. Fora essas horas, quase não conversávamos com ele.
Até que certa vez tomei coragem e perguntei sobre o nosso sobrenome - Vernieri, porque me intrigava não conhecer outras pessoas fora da família com esse sobrenome, diferentemente de tantos outros que se repetiam em famílias distintas. Ele, então, respondeu que seus pais contavam que Vernieri, Verniero, Vernier, Verniere eram variantes de Venier, nome de família do doge veneziano Antonazzo Venier, nosso ancestral. Foi lacônico, num tom de voz sem qualquer entusiasmo, me lembro bem; não me senti confortável em perguntar mais nada, apesar de não ter saciado a minha curiosidade.


Moedas do tempo de Antonazzo

Assim, quando estive em Veneza, pesquisei e descobri que existiu mesmo o Doge Antonazzo Venier, ou Vernier - encontrei as duas grafias, que governou entre 1382 e 1400, e era considerado um homem com grande senso de justiça. Sua cripta está em Campo SS. Giovanni e Paolo, uma antiga e belíssima basílica dominicana, onde estão também as criptas de outros doges.


Francesco

Em 1553, Francesco Venier, descendente de Antonazzo, foi eleito Doge de Veneza. Governou por um breve período porque sua saúde frágil o levou à morte três anos depois, em 2 de junho de 1556. Ficou conhecido pela personalidade austera e pela moderação nas decisões que tomava. O pintor Titian (Tiziano Vecellio) fez seu retrato, e a obra se encontra hoje no museu Thyssen-Bornemisza, em Lugano, na Suiça.


Sebastiani

O sobrinho de Francesco, Sebastiani Venier, foi o vitorioso comandante da frota veneziana na Batalha de Lepanto, considerado um herói, se tornou doge em 1577, aos 81 anos, e morreu no ano seguinte. Sua cripta também está em Campo SS. Giovanni e Paolo, e ainda uma imponente estátua em bronze, encomendada, em 1907, ao escultor italiano Dal Zotto.

Mais recentemente, pesquisando na Internet, encontrei outro ramo da família, em Salerno, onde há uma grande avenida chamada Via Michele Vernieri, e também uma estação de trem, Stazione Duomo Via Vernieri.

A comuna de Vietri Sul Mare, na província de Salerno, compõe a Costa Amalfitana, uma das regiões mais bonitas da Itália, declarada Patrimônio da Humanidade.



A pesquisa foi muito superficial, mas pretendo aprofundá-la à medida que o tempo permita. Queria tanto saber mais sobre tudo isso...

Estou nostálgica esta noite.
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Blogagem mundial

04 outubro, 2007


Hoje, 04 de outubro de 2007, blogueiros do mundo todo se unem em apoio ao povo da Birmânia, que vem sofrendo com a violência brutal de um regime autoritário e implacável.

Todos os dias temos acompanhado o noticiário relatando a covarde repressão do governo militar contra as manifestações pacíficas dos monges Shi-Kai-rui, que têm sido protegidos por uma corrente humana da população civil.

O New York Times publicou uma reportagem sobre a importância da Internet na divulgação do que vem ocorrendo na Birmânia com a seguinte manchete: "Internet vira arma contra militares em Mianmar".

Desde sexta-feira, 28 de setembro, o governo bloqueou a Internet para impedir a divulgação de fotos, vídeos e relatos na rede sobre os acontecimentos locais. Segundo David Mathieson, especialista em estudos sobre Mianmar na organização de proteção dos direitos humanos Human Rights Watch, existem apenas dois provedores no país e, portanto, não foi difícil fechá-los. Além da internet, a Junta Militar interrompeu a maior parte do acesso telefônico ao mundo exterior e os soldados nas ruas confiscam câmeras fotográficas e celulares com câmeras de vídeo. Os jornais locais estão sob severa vigilância, e os jornalistas que burlam o bloqueio são ameaçados e presos. Mathieson contou ainda que os dissidentes estão exportando imagens clandestinamente pelos celulares primeiro desmembrando os arquivos e, em seguida, reunindo-os novamente.

Não podemos nos omitir diante de uma situação como essa. Por isso, ao saber da blogagem, fiz questão de participar. As humanidade precisa se unir, sempre, não apenas por essa causa, mas por toda e qualquer causa que defenda a liberdade e os direitos humanos.
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Em algum lugar entre as estrelas

01 outubro, 2007


À medida que os anos passam, vamos acumulando saudade. Pessoas que amamos saem de nossas vidas e deixam um espaço que não pode mais ser preenchido. É verdade que uns partem e outros chegam, mas cada um é único, não pode ser substituído. Os que chegam são fonte nova de energia, revitalizam nossas esperanças, iluminam nossa estrada, nos trazem consolo e alegria, porém não podem ocupar o vazio deixado pelos que partiram. Assim vamos vivendo com o saldo de nossas perdas e ganhos, pois a vida é isso, não há como alterar o seu curso, há que se conformar.

Chegará o dia em que partiremos também, deixando vazio nosso espaço. Iremos, então, nos juntar aos que já alcançaram a luz. Habitaremos uma dimensão diversa, da qual nada sabemos realmente, mas a intuimos no mais profundo de nós mesmos.
Deve ser lá, em algum lugar entre as estrelas...
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Luz e sombra

24 setembro, 2007
Acordo sem despertar
como se o sono permanecesse
causando torpor e distanciamento
das cores do dia
das pessoas à minha volta
dos sons cotidianos
das notícias nos jornais.

Inicio a jornada automaticamente
como máquina programada
tarefas repetitivas
sempre monótonas
previsíveis
onde não interfere vontade
ou emoção.

Por todas essas longas horas
sou um corpo sem alma
perdida de mim
de qualquer objetivo
sem sonhos
nem realizações.

Quando enfim o dia se aquieta
e escurece
tornando visível o universo
meu coração se ilumina
bate mais forte
retomo a vida
e a paixão.

- betty -

Imagem: betty
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Sem cabeça

14 setembro, 2007


procuro
sem pressa
peças
de um quebra-cabeça

dois pontinhos brilhando
são os olhos!
lindos
boca sorrindo
feliz
achei!
braços
abertos ao vento
como asas
encontrei!
mas onde está a cabeça?

ah, vejo o coração!
vermelho paixão
só não vejo a cabeça
onde está a cabeça?

preciso encontrar a cabeça...

- betty -

Imagem: Vitória de Samotrácia - Museu do Louvre
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Luciano Pavarotti

07 setembro, 2007



"Penso que a vida pela música seja uma vida bem vivida, e foi a isto que me dediquei."

Luciano Pavarotti (1935 - 2007)




A música clássica e o canto lírico não fazem parte da cultura brasileira. Poucos são os que apreciam o gênero fora do meio artístico, o que é lamentável. Em que pese alguns momentos na década de 70, com os grandes concertos ao ar livre sob a regência do maestro Isaac Karatchevsky pelo Projeto Aquarius, muito pouco foi feito para a divulgação da música erudita no Brasil.

Sou descendente de imigrantes italianos, tanto do lado paterno quanto do materno. Cresci ouvindo de meus avós as histórias e as belezas da terra natal. O lado paterno veio do norte, Veneza, e o lado materno do sul, Nápoles. Através deles conheci as áreas mais famosas das grandes óperas. São essas as músicas que me transportam ao aconchego das minhas origens.

Luciano Pavarotti, italiano de Modena, partiu na madrugada de 6 de setembro. Sua voz se calou depois de mais de 40 anos nos encantando. Foi com ele que o canto lírico chegou às multidões, nos estádios, nos shows beneficentes, em duetos com os grandes ícones da música popular mundial. Para mim, o maior tenor de todos os tempos.

Alguns puristas o condenam por essa popularização do canto lírico, mas isso beira ao ridículo, pois a música, a maior das expressões artísticas, é a perfeita forma de comunicação universal. Uma melodia, popular ou erudita, mesmo acompanhada de uma letra em idioma não entendido pelo ouvinte, por si só pode ser sentida e compreendida, remetendo a determinado estado de espírito.

Acima de toda a técnica e inigualável talento, vejo em Pavarotti alguém que viveu pela música e soube compartilhá-la com a humanidade. Ele saiu do gueto para as multidões e nos ofereceu a beleza da música sem fronteiras.

De todas as manifestações de pesar, a mais tocante foi a de Bono Vox, do U2, que divulgou no site oficial da banda um texto em homenagem a Pavarotti. Os dois foram parceiros na música "Miss Sarajevo".

"Alguns conseguem cantar ópera. Luciano Pavarotti era uma ópera.
Ele vivia as canções, sua ópera era uma grande mistura de alegria e tristeza; surreal e mundana ao mesmo tempo; um grande vulcão de um homem que cantava fogo mas fazia isso como um grande amor pela vida em toda a sua complexidade, um grande e generoso amigo."


Esteja em paz Luciano Pavarotti.
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Queridos amigos

30 agosto, 2007
Há dois meses estou passando por momentos difíceis com um sério problema de doença na família. É triste demais a gente acompanhar o sofrimento de uma pessoa querida. Tenho me perguntado se tanto progresso na medicina e na ciência justificam manter a vida de alguém em condições tão crueis e indignas, principalmente no caso de pessoas bem velhinhas e sem qualquer perspectiva de salvação. Por que tirar dessas pessoas o direito de morrer em casa, na sua própria cama, cercada por aqueles que a amam? Não seria mais humano ter quem lhes segurasse a mão nesses momentos finais?

Estou mal, amigos, meu corpo está cansado, porém o que dói é minha alma. Do corpo sei que acabo me recuperando, mas as imagens que ferem a fogo meu coração não sei se cicatrizarão. Não é a primeira vez que vivo uma situação como essa, e a cada vez as feridas vão se tornando mais profundas.

Eu queria poder estar escrevendo coisas mais agradáveis. Não é meu jeito comentar aqui problemas pessoais. No entanto, tenho recebido inúmeras mensagens, no blog e por email, perguntando o que anda acontecendo, qual o motivo da minha ausência, e percebi que não poderia me esquivar de responder.

Agradeço a todos, de coração, pelas palavras carinhosas, pela energia boa que recebo de vocês, e logo que me sinta melhor estarei de volta, também sinto falta desse nosso convívio.
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Aos que estão sozinhos

12 junho, 2007
Hoje, Dia dos Namorados, aqueles que estão vivendo um amor ficam felizes. Os blogs por onde andei estão bonitos: textos caprichados, poemas, flores, imagens românticas...

Por eu ser um tanto gauche, me peguei pensando sobre as pessoas que estão sozinhas nessa data. E são muitas, podem crer. A ausência do ser amado bate mais forte, a solidão machuca mais que nunca, nas lágrimas, no sorriso desfeito, no silêncio triste. Vivemos cercados por símbolos expressos em datas comemorativas, e sofremos quando neles não estamos inseridos, seja qual for o motivo.

Quem nunca viveu a dor de um amor perdido?! Quem nunca viveu a chegada de um amor não previsto?! Amores vêm e vão nas nossas vidas, alternando sorrisos e saudades, e essa é a beleza da existência, ou não teremos história para contar.

Soneto de Separação
Vinicius de Moraes


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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Apontando a saída

06 junho, 2007
Estocolmo, 1972. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, foi aprovada a Declaração de Estocolmo, que introduziu na agenda política internacional a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento econômico e do uso dos recursos naturais. A partir daí, outros documentos de igual importância foram firmados com a chancela da ONU visando a busca de soluções que pudessem desacelerar, e até cessar, a devastação do planeta. Os mais relevantes foram: Estratégia Mundial para a Conservação - 1980; Nosso Futuro Comum - 1982; Declaração de Compromisso (Rio 92) - 1992.

Todos esses documentos contém propostas e compromissos para a conservação de espécies e de ecossistemas, visando a preservação da diversidade biológica e a conseqüente manutenção da vida no planeta. O conceito de desenvolvimento sustentável significa um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de prover as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

O primeiro passo para um desenvolvimento sustentável é a conscientização de que os recursos naturais são finitos. O segundo passo é a mudança no conceito de desenvolvimento, que não pode ser confundido com crescimento econômico, já que este gera um consumo crescente e excessivo de energia provocando o esgotamento de recursos naturais dos quais a humanidade depende. Caso não seja adotado, toda a diversidade biológica do planeta e a própria existência da humanidade estarão fadadas à extinção.

O noticiário nos dá conta das grandes mudanças climáticas em todo o planeta por conta do efeito estufa. Essas mudanças climáticas estão acontecendo porque a quantidade de gases (GEEs) lançados na atmosfera é maior do que a capacidade de absorção das florestas e dos oceanos. Temos visto o aumento da intensidade de furacões, tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca ou deslizamentos de terra. O derretimento das calotas polares já é uma realidade, e o aumento do nível do mar é uma ameaça assustadora. No planalto tibetano a evaporação das geleiras e da neve têm formado lagos instáveis que, ao transbordarem, afetam seriamente a vida dos que vivem na região. Por outro lado, são essas geleiras que alimentam os grandes rios da Ásia, entre eles o Amarelo, o Yang Tsé, o Mekong e o Ganges, todos responsáveis pelo fornecimento de água a um sexto da população mundial. Sem geleiras, sem água...

Desde a Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, os cientistas constataram um aumento da temperatura média do planeta da ordem de 0,8ºC. Pode não parecer um número expressivo, mas caso atinja 2°C os efeitos serão catastróficos.

Outra questão importante é o desaparecimento das florestas tropicais, que estão sendo destruídas há décadas. Hoje, cerca de 12 milhões de hectares de florestas tropicais são desmatados a cada ano para a agricultura, pastagem e outros usos não-florestais, sendo que uma área ainda muito maior é degradada através da extração ilegal de madeira.

Enfim, muito ainda teria que ser mencionado para completar esse quadro de devastação, bem como as medidas capazes de evitar o fim da vida no planeta Terra. Seria possível escrever por dias a fio sem concluir o relato. A ganância, a acumulação de riquezas, a avareza e o consumismo desenfreado nos levarão à destruição. O indivíduo precisa renascer no esplendor humano, descobrindo em seu coração o espírito fraterno, preservando o planeta para as gerações futuras.

Para finalizar, transcrevo algumas frases de Mahatma Gandhi, que expressam a necessidade de mudanças nos modelos de desenvolvimento, e que a economia mundial não deve desconsiderar o meio ambiente em seus planejamentos.

- Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse apenas o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.

- Todo aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão.

- A Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?

- A civilização, no sentido real da palavra, não consiste na multiplicação, mas na vontade de espontânea limitação das necessidades. Só essa espontânea limitação acarreta a felicidade e a verdadeira satisfação.




Este post faz parte da blogagem pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, iniciativa do Lino Resende,
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Amanhecer cinzento

28 maio, 2007
Madrugada se foi e deixou em seu lugar um amanhecer cinzento. Morros que avisto daqui estão encobertos por densa neblina, dando ar de mistério ao dia que começa.
O que me aguarda em mais essa jornada? Será um dia igual a tantos outros? O mesmo tédio, ou será diferente?
Quem sabe, quem sabe...

Tenho estado cansada, tanto que o sono anda me vencendo nas horas mais insólitas, e o mais surpreendente é que quanto mais durmo mais quero dormir. É uma sensação estranha para mim. Nuca tive insônia, nem sei como é, apenas me satisfaço com poucas horas de sono, no máximo cinco horas. Estou confusa com esse sono insaciável, pois mesmo que durma por seis, oito horas, ainda sinto vontade de dormir mais.

Ah, se eu fosse um poeta, saberia transformar esse momento em beleza me consolando em versos! Amo a alma louca dos poetas, amo os poemas lúcidos que nascem dessa loucura! Como não sou, recorro a eles sempre que meus sentimentos querem aflorar, principalmente a Fernando Pessoa, meu preferido, aquele que por ser tão grande não cabia num só: Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares...

Estou Cansado
Álvaro de Campos


Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
Do que estou cansado, não sei.
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto -
Uma vontade de sono no corpo,
Uma vontade de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Imagem: betty
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Melancolia

24 maio, 2007
Melancolia - sentimento de vaga e doce tristeza que compraz e favorece o devaneio e a meditação.
(def. Houaiss)

À medida que os anos passam vamos acumulando saudades. Pessoas que amamos saem de nossas vidas, muitas vezes sem tempo de dizer adeus, deixando um espaço que não pode mais ser preenchido, e passam a viver na forma etérea de nossas lembranças. Enquanto uns partem outros chegam, de repente ou de mansinho, para ocupar novo espaço que também será único, insubstituível.

A cada ano a contagem regressiva da vida vai se aproximando da hora final, e essa idéia me deixa triste. Não que eu tenha medo de morrer, acho que nem tenho, mas sinto uma tristeza enorme de saber que um dia vou morrer.

Como disse Vinícius de Moraes: "Não tenho medo da morte. Tenho saudade da vida."

É exatamente isso o que eu sinto. Pensar que não mais verei as pessoas que amo, que elas seguirão sem mim, assim como eu sigo sem os que já partiram. Saber que não acompanharei o desenrolar da história, e nunca saberei no que vai dar. Não poder mais olhar para o céu, não ver o luar, não sentir o calor do Sol, não me encantar com os tons infindos do verde, não ouvir os sons da natureza, não ler os livros que serão escritos, não ouvir as músicas que gosto, nem as que ainda serão compostas.
A morte é o somatório de muitos nãos.

Não há como alterar o curso da vida. Chegará o dia em que partirei também, deixando vazio meu espaço, para habitar uma dimensão diversa daqui, da qual nada sei. Deve ser lá, em algum lugar entre as estrelas...

Encontros e Despedidas
Milton Nascimento & Fernando Brant


Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida

Imagem: JackTerry
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A chuva e o livro

20 maio, 2007
Depois de uma semana de calor e muito trabalho, finalmente um pouco de tranqüilidade. O tempo mudou radicalmente no final da tarde de ontem. O céu nublado há vários dias se desfez em chuva, a temperatura caiu bastante, faz um friozinho gostoso. Lá fora, silêncio e calma.

Recebi convite do amigo Chawca para participar de um meme sobre o que estou lendo. Na verdade, estou relendo, coisa que costumo fazer regularmente, porque é incrível o quanto se acrescenta numa releitura; são visões diferentes e mais profundas a cada vez. O livro é Perdas & Ganhos, de Lya Luft.

Conforme palavras da própria autora, uma espécie de diálogo que ela mantém com o leitor, um chamado para que venha pensar com ela sobre a passagem do tempo e como lidamos com ele vida afora. A escrita é direta e, sobretudo, contundente.
Há também alguns de seus poemas permeando os capítulos.

Foram-se os amores que tive
ou me tiveram:
partiram
num cortejo silencioso e iluminado.
O tempo me ensinou
a não acreditar demais na morte
nem desistir da vida: cultivo
alegrias num jardim
onde estamos eu, os sonhos idos,
os velhos amores e seus segredos.
E a esperança - que rebrilha
como pedrinhas de cor entre as raízes.
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Profecia dos filhos - Gibran Khalil Gibran

13 maio, 2007


Vossos Filhos, não são vossos filhos
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Eles vêm através de vós, mas não em vós,
e embora vivam convosco, não vos pertencem...

Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos.
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas;
pois suas almas moram na mansão do amanhã,
que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.

Podeis esforçar-vos por ser como eles,
mas não por fazê-los como vós.
Por que a vida não anda para trás e
não se demora com os dias passados.

Vós sois os arcos dos quais vossos filhos
são arremessados como flechas vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito
e vos estica com toda sua força para
que suas flechas se projetem rápidas e para longe.

Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa alegria.
Pois assim como ele ama a flecha que voa,
também ama o arco que permanece estável.
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Flamengo - 2007

06 maio, 2007
2007 - CAMPEÃO CARIOCA - 2007


Imagem: betty
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As sete novas maravilhas do mundo

30 abril, 2007
Em 2001, o empresário Bernard Weber criou a New 7 Wonders Foundation, com sede em Zurique, na Suiça, para que fossem eleitas as Sete Novas Maravihas do Mundo. O objetivo maior por trás desse evento é a preservação dos monumentos considerados grandes marcos da história da humanidade.

Um conselho de arquitetos renomados, de diversos países, escolheu 21 finalistas entre monumentos considerados pela UNESCO como patrimônio da humanidade. Os critérios da escolha foram baseados no impacto social, cultural e político de cada obra.

No dia 07.07.2007, no Estádio da Luz, em Lisboa, Portugal, acontecerá o evento da Apresentação das Novas 7 maravilhas do Mundo. Está programado um grande espetáculo, transmitido ao vivo para todo o planeta, com a participação de artistas e demais representantes da cultura mundial.



Todo e qualquer cidadão do mundo pode votar nos seus preferidos. Para votar online, entre no site: New 7 Wonder.

Eu já fiz as minhas escolhas: Acrópolis, Cristo Redentor, Estátuas da Ilha da Páscoa, Torre Eiffel, Machu Pichu, Petra e Taj Mahal.

Se pensarmos que das Sete Maravilhas da Antiguidade apenas uma ainda existe - as Pirâmides de Giza, no Egito, veremos o quanto da nossa história foi perdido.
Para quem não sabe, ou não lembra, as maravilhas desaparecidas eram: Estátua de Zeus - Olímpia (Grécia); Jardins Suspensos da Babilônia - Mesopotâmia (Iraque); Templo de Artemis - Éfeso (Turquia); Farol de Alexandria - Ilha de Faros (Egito); Colosso de Rodes - Ilha de Rodes (Grécia); Mausoléu de Halicarnasso - Anatólia (Turquia).

FINALISTAS

Acrópolis - Grécia


Alhambra - Espanha


Angkor Wat - Camboja


Castelo Neuschwanstein - Alemanha


Catedral de Hagia Sophia - Turquia


Coliseu - Itália


Cristo Redentor - Brasil


Estátua da Liberdade - EUA


Estátuas da Ilha da Páscoa - Chile


Grande Muralha - China


St. Basil - Rússia


Machu Pichu - Peru


Opera House - Austrália


Petra - Jordânia


Pirâmide de Chichén Itzá - México


Pirâmides de Giza - Egito


Stonehenge - Reino Unido


Taj Mahal - Índia


Templo Kiyomizu - Japão


Timbuktu - Mali


Torre Eiffel - França

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