Aos que estão sozinhos

12 junho, 2007
Hoje, Dia dos Namorados, aqueles que estão vivendo um amor ficam felizes. Os blogs por onde andei estão bonitos: textos caprichados, poemas, flores, imagens românticas...

Por eu ser um tanto gauche, me peguei pensando sobre as pessoas que estão sozinhas nessa data. E são muitas, podem crer. A ausência do ser amado bate mais forte, a solidão machuca mais que nunca, nas lágrimas, no sorriso desfeito, no silêncio triste. Vivemos cercados por símbolos expressos em datas comemorativas, e sofremos quando neles não estamos inseridos, seja qual for o motivo.

Quem nunca viveu a dor de um amor perdido?! Quem nunca viveu a chegada de um amor não previsto?! Amores vêm e vão nas nossas vidas, alternando sorrisos e saudades, e essa é a beleza da existência, ou não teremos história para contar.

Soneto de Separação
Vinicius de Moraes


De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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Apontando a saída

06 junho, 2007
Estocolmo, 1972. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, foi aprovada a Declaração de Estocolmo, que introduziu na agenda política internacional a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento econômico e do uso dos recursos naturais. A partir daí, outros documentos de igual importância foram firmados com a chancela da ONU visando a busca de soluções que pudessem desacelerar, e até cessar, a devastação do planeta. Os mais relevantes foram: Estratégia Mundial para a Conservação - 1980; Nosso Futuro Comum - 1982; Declaração de Compromisso (Rio 92) - 1992.

Todos esses documentos contém propostas e compromissos para a conservação de espécies e de ecossistemas, visando a preservação da diversidade biológica e a conseqüente manutenção da vida no planeta. O conceito de desenvolvimento sustentável significa um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de prover as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

O primeiro passo para um desenvolvimento sustentável é a conscientização de que os recursos naturais são finitos. O segundo passo é a mudança no conceito de desenvolvimento, que não pode ser confundido com crescimento econômico, já que este gera um consumo crescente e excessivo de energia provocando o esgotamento de recursos naturais dos quais a humanidade depende. Caso não seja adotado, toda a diversidade biológica do planeta e a própria existência da humanidade estarão fadadas à extinção.

O noticiário nos dá conta das grandes mudanças climáticas em todo o planeta por conta do efeito estufa. Essas mudanças climáticas estão acontecendo porque a quantidade de gases (GEEs) lançados na atmosfera é maior do que a capacidade de absorção das florestas e dos oceanos. Temos visto o aumento da intensidade de furacões, tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca ou deslizamentos de terra. O derretimento das calotas polares já é uma realidade, e o aumento do nível do mar é uma ameaça assustadora. No planalto tibetano a evaporação das geleiras e da neve têm formado lagos instáveis que, ao transbordarem, afetam seriamente a vida dos que vivem na região. Por outro lado, são essas geleiras que alimentam os grandes rios da Ásia, entre eles o Amarelo, o Yang Tsé, o Mekong e o Ganges, todos responsáveis pelo fornecimento de água a um sexto da população mundial. Sem geleiras, sem água...

Desde a Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, os cientistas constataram um aumento da temperatura média do planeta da ordem de 0,8ºC. Pode não parecer um número expressivo, mas caso atinja 2°C os efeitos serão catastróficos.

Outra questão importante é o desaparecimento das florestas tropicais, que estão sendo destruídas há décadas. Hoje, cerca de 12 milhões de hectares de florestas tropicais são desmatados a cada ano para a agricultura, pastagem e outros usos não-florestais, sendo que uma área ainda muito maior é degradada através da extração ilegal de madeira.

Enfim, muito ainda teria que ser mencionado para completar esse quadro de devastação, bem como as medidas capazes de evitar o fim da vida no planeta Terra. Seria possível escrever por dias a fio sem concluir o relato. A ganância, a acumulação de riquezas, a avareza e o consumismo desenfreado nos levarão à destruição. O indivíduo precisa renascer no esplendor humano, descobrindo em seu coração o espírito fraterno, preservando o planeta para as gerações futuras.

Para finalizar, transcrevo algumas frases de Mahatma Gandhi, que expressam a necessidade de mudanças nos modelos de desenvolvimento, e que a economia mundial não deve desconsiderar o meio ambiente em seus planejamentos.

- Cada dia a natureza produz o suficiente para nossa carência. Se cada um tomasse apenas o que lhe fosse necessário, não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de fome.

- Todo aquele que possui coisas de que não precisa é um ladrão.

- A Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade; quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?

- A civilização, no sentido real da palavra, não consiste na multiplicação, mas na vontade de espontânea limitação das necessidades. Só essa espontânea limitação acarreta a felicidade e a verdadeira satisfação.




Este post faz parte da blogagem pelo Dia Mundial do Meio Ambiente, iniciativa do Lino Resende,
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