Em paz num amanhecer

06 dezembro, 2012
O ano já está perto de terminar, o planeta vai completar sua órbita como sempre. É final de primavera no hemisfério sul. O dia amanhece num céu azul enfeitado com nuvens branquinhas, umas aqui, outras ali. De onde estou, fico encantada olhando suas formações que a brisa dessa manhã logo se encarrega de desmanchar. Passarinhos pousam cantando na varanda, o resto é silêncio.

Houve um tempo em que os dias pareciam mais longos que agora. Hoje, por mais que a gente se organize, 24 horas são insuficientes para as tarefas de cada jornada. Descansamos pouco, acordamos ainda com sono, nos agitamos o dia todo, de repente é noite novamente, e exaustos nos damos conta do quanto deixamos de cumprir. O que ficou em falta vai se acumulando numa lista enorme que nunca conseguirmos zerar. Pior, vamos passando batido por tudo, sempre na superficialidade, sempre sem tempo.
Tensão, angústia, ansiedade, consequências desse descompasso. E eu me pergunto a razão de vivermos desse jeito insensato... Será mesmo pelo pão nosso de cada dia, cada vez mais difícil de conseguir, ou nos tornamos incompetentes para administar a vida? As duas coisas, talvez.

Se pensarmos que antes, num passado próximo, tínhamos tempo de sobra, mesmo sem as facilidades tecnológicas que agora nos poupam de muitas tarefas e nos permitem resolver quase tudo numa tela de computador ou celular, veremos o tamanho do caos onde nos metemos.
Por que não nos sobra tempo ao invés de faltar?! Qual o sentido desse tipo de vida?!

Acho que vem daí eu gostar tanto das silenciosas madrugadas, as horas calmas do meu pensar. São elas que me fazem estar em paz neste amanhecer.
continuar lendo