Sonhadores, juntem-se a nós pela paz!

30 janeiro, 2007
Basta duas pessoas para que se instale um conflito. Se pensarmos que hoje somos bilhões de pessoas no planeta teremos a dimensão do problema. São muitas as atitudes que podem ser tomadas para minorar a violência, e a principal delas, ao meu ver, é a aceitação das diferenças. Respeitar as diversidades culturais, religiosas e individuais é um bom começo. Não mencionei diferenças raciais porque essa história de raça é loucura, somos todos da mesma espécie, a humana. Se entre nós e os chimpanzés os cromossomos são 99% idênticos, como ter a pretensão que cor da pele possa significar algo relevante? No mínimo, ignorância!

É uma constante que se explique a violência em face das injustiças sociais, dos interesses econômicos, das divergências culturais e religiosas, porém acredito que esses fatores sejam apenas o alimento de uma condição que não queremos aceitar: a besta que habita em nós. A humanidade ainda não aprendeu que aquele 1% a nos diferenciar dos macacos é a chave de tudo, que nele se encerra o mistério da nossa existência. Será nossa porção de semelhança com a divindade? Será o que chamamos de alma? Talvez o mistério jamais seja desvendado, e apesar disso nosso destino será sempre a busca por respostas.

A paz é uma utopia, ao menos no estágio em que se encontra a humanidade, mas eu quero ter essa ilusão, quero acreditar que algum dia ela será alcançada.

Você pode dizer que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que você junte-se a nós
E o mundo viverá como um só
- John Lennon (Imagine) -




Blogagem coletiva pela paz, organizada por Lino Resende.
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Miguel Torga - Poeta e prosador

17 janeiro, 2007
Nasceu Adolfo Correia da Rocha, em S. Martinho de Anta, Trás-os-Montes, em 12.08.1907. O pseudônimo foi escolhido por ele mesmo, que se achava semelhante à torga - raiz de urze, planta de cor violeta ou rosa que nasce em solos silicosos. São dele as seguintes palavras: "Sou duro e tenho raízes em rochas duras, rígidas."

De família rural humilde, aos 13 anos veio para o Brasil para trabalhar na fazendo dos tios em Minas Gerais. Retornou a Portugal para concluir os estudos, custeados pelo tio, na Faculdade de Medicina de Coimbra, onde se formou com especialização em otorrinolaringologia. Casou-se com a belga André Cabrée, uma professora universitária.

Publicou o primeiro livro em 1928, Ansiedade, o segundo em 1930, Rampa, ambos com seu nome de batismo. Só em 1936, ao publicar O outro livro de Jó, adotou o pseudônimo Miguel Torga.

Deixou vasta obra, em poesia, prosa, teatro e 16 volumes dos seus diários. Muitas de suas obras foram traduzidos para vários idiomas, e foi, muitas vezes, apontado como sério candidato ao Prêmio Nobel da Literatura. Em 1989, foi o vencedor do Prêmio Luis de Camões. Recebeu, ainda, vários outros: Prêmio Diário de Notícias (1969), Prêmio Internacional de Poesia (1977), Prêmio Montaigne (1981), Prêmio Vida Literária (1992), e Prêmio da Crítica, consagrando a sua obra (1993). Em 1996, foi fundado o Círculo Cultral Miguel Torga, com sede em S. Martinho de Anta.
O grande escritor morreu em 17.01.1995, e foi sepultado em sua aldeia natal.

Este post não é apenas uma homenagem a esse grande expoente da literatura portuguesa, mas também ao meu querido amigo Fernando, que me fez conhecer e amar Torga.

Brasil

Brasil
onde vivi,
Brasil onde penei,
Brasil dos meus assombros de menino:
Há quanto tempo já que te deixei,
Cais do lado de lá do meu destino!

Que milhas de angústia no mar da saudade!
Que salgado pranto no convés da ausência!
Chegar.

Perder-te mais.
Outra orfandade,
Agora sem o amparo da inocência.

Dois pólos de atracção no pensamento!
Duas ânsias opostas nos sentidos!
Um purgatório em que o sofrimento
Nunca avista um dos céus apetecidos.

Ah, desterro do rosto em cada face,
Tristeza dum regaço repartido!
Antes o desespero naufragasse
Entre o chão encontrado e o chão perdido.
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Expressão e compreensão

13 janeiro, 2007


Certa vez, no meu primeiro blog, escrevi sobre o tempo, esse mistério que nos afaga e nos consome com a mesma intensidade. Nos comentários, apenas uma pessoa entendeu o que eu quis dizer.

Nem sei porque lembrei disso agora, mas o grande Mario Quintana, no Caderno H, escreveu uma frase que descreve bem essa circunstância:

"A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."
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