Saudades de John Lennon

11 outubro, 2008
Falar sobre John Lennon sem cair no óbvio é quase impossível. Todos sabem que foi um dos integrantes dos Beatles, o mais rebelde, o mais polêmico dos quatro e, junto com Paul McCartney, compôs quase toda a obra da banda.

Lennon nasceu em 09 de outubro de 1940, faria agora 68 anos se naquela noite de 08 de dezembro de 1980 Mark David Chapman não o tivesse assassinado.

Adoro a obra dos Beatles, mas Lennon sempre foi meu preferido, especialmente no período pós Beatles - um homem melhor, direcionando seu talento e prestígio para a causa da paz. É desse Lennon que eu mais gosto, de quem lembro com saudade, o homem, não o ídolo, o homem que amava Yoko.

Eles se conheceram em 1966, em 1969 estavam casados, e em 1975 tiveram um filho, Sean. Ligaram-se a ativistas políticos que se manifestavam contra a guerra do Vietnã, contra o racismo e contra todo tipo de violência.

Sei bem o quanto Yoko é odiada pelos fãs dos Beatles que a responsabilizam pela separação do grupo. No entanto, creio, é hora de repensar a imagem que se faz dela, uma imagem detonada pela mídia. Se foi ou não a responsável pelas desavenças entre Lennon e McCartney, a mim parece irrelevante. Yoko, uma mulher sensível e inteligente, acima de tudo, foi a mulher que ele amou.

O próprio Lennon, em duas entrevistas, fez as seguintes declarações:

"Alguns jornalistas insinuaram, logo que começamos a viver juntos, eu e Yoko, que as divergências entre os Beatles aumentavam dia a dia, que muito em breve iríamos nos separar, e o exemplo disso eram alguns de nossos negócios em comum que foram desfeitos. Paul, George, Ringo e eu somos tão unidos quanto no começo dos Beatles como conjunto musical. Todos sabem que mudamos muito desde então, e todos devem saber também que temos consciência disso. Sabemos da influência do grupo em todos os jovens do mundo inteiro. Yoko nada tem a ver com nossas relações, que continuam inalteradas, fiquem tranquilos. Os Beatles existirão ainda por muito tempo, sob outras formas, diferentes de hoje, talvez, porque tudo evolui, mas eles nunca vão desaparecer. O que é importante a dizer, todos os homens, um é diferente do outro. Assim, se Paul é mais agnóstico, mais cínico na maneira de ver o mundo do que eu, isso não quer dizer que nunca mais nos falaremos. A vida mostrará quem tem razão.

Os Beatles existirão sempre como organização, e sabe porque? Pela possibilidade que teremos de fazer alguma coisa pela juventude, pela paz no mundo. Amanhã mesmo partiremos para Amsterdã onde participaremos de várias manifestações públicas pela paz no mundo. E eu e Yoko pensamos em continuar a participar desse movimento pela paz até que aqueles que pensam que somos dois farsantes vejam que nunca falamos mais sério em nossa vida. O que acontece é que todas as pessoas que agem contra o sistema, hoje em dia, correm o risco de ficarem tristes demais. Mas eu penso que esse tipo de luta não impede que sejamos alegres. Eu prefiro ser sempre o cara que chega numa festa e anima as pessoas tristes apenas com a presença".

(1970)


"Sim, ia ter que deixar um espaço em branco para cada um preencher com suas próprias palavras: escreva aqui aquilo em que não acredita. A letra estava ficando fora de controle e os Beatles foram o elemento final, porque não acredito mais em mitos e os Beatles são mais um mito. Eu não acredito naquilo.
O sonho acabou. Não estou falando só sobre os Beatles, estou falando de toda uma geração. Acabou e nós precisamos - eu pessoalmente preciso - aterrissar de volta à chamada realidade".

(entrevistado por Jann Wenner, da revista Rolling Stones - 1971 )



comentários

  1. Lembrar John Lennon, é reviver músicas belíssimas, poesias na verdade.
    Lembrar John Lennon é lenbrar também que pessoas doentes, loucas existem. E isso dói!
    Bela homenagem você fez aqui Betty, ao imortal John!
    beijos espero que fique completamente restabelecida, precisamos de você aqui, seu blog é uma jóia rara.
    beijos

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  2. John sempre foi o prodígio e o arredio dos Beatles. Poeta e letrista, ele sempre inovava em suas composições, embora o músico do grupo,por excelência, fosse Paul. Mas até a parceria dele com Paul pode ser tida como uma das grandes "criações" de John. Ocorre que nos primeiros encontros deles, o John tomou contato com dezenas de musicas prontas ou semi-prontas que Paul lhe mostrou. E, pasmem os que não sabem dos fatos, o John intimou Paul a dividir com ele a autoria das músicas, sendo que naquele momento ele mesmo não tinha nenhuma musica sua composta. Inclusive em 1962, no primeiro compacto simples do grupo, as músicas Love Me Do e P. S. I Love You são 100% de Paul, mas eles mantiveram um tipo de contrato secreto entre eles de "dividirem" as composições. Com a aparente gentileza de Paul o mundo ganhou musicas fantásticas, pois John logo começaria também a compor e dividir com Paul. Observem isto da primeira entrevista deles para uma rádio inglesa em Outubro de 1962 para Malcolm Threadgill= "MALCOLM (para Paul): Você compôs P.S. I Love You e Love Me Do sozinho, não foi? Quem compõe mais entre vocês dois?
    PAUL: Bom, somos sempre John e eu, nós escrevemos sempre em parceria. É… Você sabe… Um tipo de contrato que tenho com ele, mesmo para coisas que vamos dizer... E que agora se nós...
    JOHN: É divisão igualitária.
    PAUL: Isso mesmo, divisão igualitária e royalties... Por aí... Então nós escrevemos juntos a maioria das coisas. O George escreveu este instrumental, como já dissemos. Mas o principal acontece entre John e eu. Nós já escrevemos juntos umas cem canções, mas não finalizamos nem a metade ainda. Mas conseguimos rearranjar o Love Me Do e tocarmos para o pessoal da gravadora, e também P.S. I Love You e uhh... Eles parecem que gostaram. Então foi o que gravamos agora...".

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  3. Betty, no dia em que eu visitei Liverpool, eu fiquei extasiada em dar de cara com a casa em que Lennon viveu,a escola emq ue estudou. E o bar em que eles tocaram, inicialmente.
    Parecia que o tempo tinha parado.
    A músicaWOman é linda mas eu aindame emociono demais com Imagine.Um hino pela PAZ>
    Quanto á polêmica entre Beatles e Yoko, eucreio que é balela.Mulher nenhuma destrói uma relação se esta não fadada a terminar.
    Assim como tudo na vida...os Beatles se dissolveram para eternizarem a banda.
    O dia em que soube da morte do Lennon o coração doeu e muito.
    Grande perda.Não apenas do artista mas do homemque creio ter se reencontrado com a vida, ao dar de cara com Yoko.
    Beijos e dias felizes.

    Feliz eswtou em saber notícias suas,.

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  4. Betty, estou feliz pelo seu retorno. Bom, quanto ao John eu tenho profunda admiração por ele e nunca pensei em culpar a Yoko pelo fim do conjunto. Acho que tudo tem um tempo para existir e fatalmente o grupo iria se dissolver mais dia menos dia, porque não daria para eles serem Beatles por toda a vida.

    O único senão que eu tenho com relação à Yoko é que ela não teve a delicadeza de atender a um pedido feito pelo Paul.

    A história é a seguinte: no comecinho dos Beatles, Paul e John compunham juntos. Depois de um certo tempo, cada um fazia a sua música. No entanto, a autoria sempre deveria ser de John Lennon e Paul McCartney, assim mesmo, nessa ordem. Isso ficou estabelecido em contrato.

    Só que o Paul compôs Yesterday em sonho. Quando ele acordou, já estava com a música prontinha na sua cabeça. Só faltava o arranjo.

    Por uma questão de foro íntimo, ele solicitou a Yoko, milhões de anos depois de ter composto essa canção, que apenas Yesterday constasse como autores Paul McCartney e John Lennon, ou seja, o seu nome na frente. Ela não permitiu. Nada iria ser mudado em termos de direitos autorais. Era apenas a vaidade de um compositor, mas ainda assim, ela não abriu mão. Eu achei isso uma baita sacanagem.

    Quanto ao mérito do John Lennon, eu concordo com você em gênero, número e grau. Ele foi um cara muito especial politicamente falando. Entretanto, para mim, o grande Beatle sempre foi o Paul McCartney que indiscutivelmente fez músicas mais bonitas. O John era mais ativo, voltado para as questões sociais, um humanista. Já o Paul não tinha essas características todas, mas é e sempre foi um grande músico.

    O meu comentário não tem nada a ver com paixões do tipo Flamengo e Fluminense. Amo os dois Beatles de forma igual, não tenho preferência alguma por nenhum dos dois.Tenho todos os CD's dos Beatles, como também dos dois em suas carreiras solo, mas Paul é infinitamente melhor.

    Prá ser sincera, o meu comentário não tinha nada a ver com que você escreveu. Você fez uma linda homenagem ao John e eu acabei defendendo o Paul, como se você tivesse o atacado. Não foi a minha intenção. A questão é que depois que ele compôs Imagine e morreu assassinado, ele deixou de ser um compositor e cantor de excelente qualidade e virou um mito inatingível.

    Beijocas ao som de Something

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  5. Betty, escrevi esse comentário sem ler o do Beto Palaio.
    Mais beijocas, dessa vez ao som de Imagine

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  6. Oi Betty,
    Que bom que você está melhor e está de volta. Lindo texto sobre John Lennon e, como sempre, você não é nada óbvia, é muito original e mostra sempre um lado que eu não conhecia ou não tinha percebido. Hoje consegui mudar um pouco a imagem que tinha de Yoko, sempre anunciada como o "bicho papão" da separação dos Beatles. Minha filha Amanda é fã deles e leu seu comigo. Lennon é para mim também o melhor dos Beatles, o mais sensível, o mais humano, o que sabia se expressar com mais beleza sobre a vida.
    Beijos e saudades,
    Rosana

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  7. Betty querida,

    John Lennon é sempre uma bela lembranças...
    Sua história, suas belas cnações como essa em especial, e toda a sua vida.

    Um belo post querida, com toda a delicadeza que existe em você!

    As mudanças aqui no blog ficaram lindas, gostei demais!
    Saudades, uma semana iluminada, Cris

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  8. Voltei,
    Rs...gosto demais do John Lennon, como gosto do Paul também, mas meu Beatle favorito é o George Harrison.
    Somente mais um comentário, rs
    Beijinho, Cris

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  9. Que texto, cumpanhera, que texto! Um dia ainda vou escrever bem assim...
    Oportuno, apaixonado, histórico, humano. Confesso que nunca engoli a japonesa, o que não quer dizer nada, nememo? Mas, coisas tipo não admitir o Paul em primeiro - apesar das cláusulas contratuais - naquela música que amanheceu prontinha, vejo como egoísmo que não deve existir entre parceiros, entre amigos. Panaquice? Pode ser.
    Seu comportamento político, no entanto, transcendeu qualquer miudeza.
    Mas, tenho um registro do filho, Sean, reclamando de mais atenções na vida privada, doméstica, que ele, filho, reclamava não ter.
    Ninguém é perfeito, mas "Imagine", melosa como é, supera tudo. Beleza seu registro. Beijo fraterno do seu vizinho ao Norte, Oleari.

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  10. Querida Betty
    Que bom ver um post novo e especialmente saber que o dói-dói já passou!
    Também gosto muito de John Lennon (quem não gosta?) e do seu famoso Imagine... Já não basta os problemas naturais da vida, ainda há quem artificialmente aumente os seus problemas. E o extremo é mesmo tirar a vida a outrém...

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  11. Mais uma bela homenagem, Betty, depois da que você fez pro Paul Newman!

    Eis aí um artista que eu nem discuto! Conheço gente que fala mal dele, diz que foi isso ou aquilo, mas a História taí pra mostrar a verdade. Foi o criador dos Beatles, era o mais velho (antes da chegada do Ringo), respeitado por Paul e George. O empresário e o produtor sabiam que qualquer decisão deveria ser comunicada primeiro a ele, e, sem ele, nada era feito.
    Nos primeiros discos, a maior parte das músicas era dele, ele sentia entusiasmo com o trabalho. Basta ver que, das 13 composições de "A Hard Day's Night", 10 eram dele. As outras 3 (ótimas!) eram de McCartney.
    O encontro com Yoko coincidiu com os atritos que já existiam na banda. É só ver o filme "Let it Be", pra gente observar como eles estavam "distantes". Só Ringo parecia indiferente aos problemas.

    Com Lennon sem motivação, McCartney ficou totalmente livre pra agir, e devemos a ele obras-primas como "Sgt. Pepper's" e "Abbey Road". O "White Album", o meu favorito, foi gravado quase isoladamente. Nem sempre eles estavam reunidos nas faixas.

    Como artista, prestou um serviço inestimável à música popular. Creio que não faria nada melhor, se vivesse até hoje. Seria muito bom, no entanto, saber que ele ainda está vivo, dando aquelas opiniões sobre tudo.
    Mas, como sabemos, a vida não é justa.
    Bjoooooooooooo!!!!!!!!!!!!!!!!

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  12. Betty

    John Lennon com Paul, seguramente, foram os melhores.

    Enlouqueceram uma geracao de fas e a rigidez familiar da epoca.

    Gosto dele.

    Quanto a Yoko, o que li sobre ela e o restante do grupo: dominava John, dava palpite demais e tiveram muitas brigas com as interferencias dela.

    Uma pena ter morrido tao cedo, morte estupida e brutal.

    John faz falta.

    Parabens pelo texto.

    Beijinhos e boa semana

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  13. John Lenon é daquelas pessoas inesquecíveis.As letras de suas músicas são belas, também pelas mensagens que nos trazem.

    Beijos.

    PS. E por falar em música bonita, passa lá no blog de Flavia...

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  14. Betty, Lennon e Paul Newmann duas pessoas extraordinárias em funcoes diferentes.

    Estou vindo aqui para te convidar a voar comigo nas asas da Adocao Infantil. Nao se assuste, rs, nao é para você adotar ninguém, mas a discutirmos sobre a burocracia que envolve as pessoas que desejam adotar. Você poderia voar conosco nessa?

    Um grande abraco

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  15. OI, Betty. Bons tempos, aqueles, em que a gente amava os beatles e os rolling stones, se bem que eu era dos beatles meeeeesmo!
    Ainda dói a falta deste cara. E de George também. Assim como doeu ver ir-se Paul Newman. Todos existem em nós. Cada um que parte, leva um pouco da gente, da nossa juventude. Mesmo assim, que bom ter estas me´mórias.
    bj

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  16. betty

    ESSE HOMEM, ESSA HISTÓRIA...ESSA MÚSICA...TUDO ME EMOCIONA!

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  17. Está tudo bem com você...?

    Beijos.

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  18. BETTY

    ONDE VCTA????????????????????
    BEIJO

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