O eu e o nós

20 abril, 2009
O inferno são os outros.
(Jean Paul Sartre)


Essas palavras me voltam frequentemente. Há momentos em que é extremamente difícil nos relacionarmos socialmente e tendemos a considerar o outro um estorvo.

Para tornar possível a convivência humana foi preciso optar pelo nós. Desde pequenos somos repreendidos ou aplaudidos por nossas ações, obedecendo determinado padrão de comportamento que vai formando nossa personalidade social. No entanto, insiste existir dentro de nós uma essência misteriosa, a nossa verdade, que nos suplica constantemente vir à tona e se manifestar de maneira livre e plena. O conflito, então, se instala.

Podemos viver como estranhos a nós mesmos, deixando-nos conduzir passivamente pelo que esperam de nós. Seremos frustrados e infelizes.
Podemos nos guiar pelos nossos instintos e estados psíquicos, sem jamais contrariá-los. Seremos egoístas e destruidores.
Podemos escolher o caminho mais difícil, um longo e penoso aprendizado, até compreendermos o eu como essencial e o nós como acessório desejável. Seremos felizes.

Uma certa solidão é importante, necessária, sem ela o eu não se mostra por inteiro. Alguma convivência social é importante também, sem ela o nós deixa de existir. Há que se encontrar o equilíbrio dessas duas condições para se viver em paz.

Tão complexa é a alma humana que a compreensão do eu parece inalcançável... infinitas as possibilidades de resposta. Talvez, cada um de nós seja a resposta...

Imagem: betty



* Esse texto, de 18.10.2007, foi excluído acidentalmente aqui do blog. Como tenho todos meus textos arquivados, estou republicando. É interessante reler o que escrevemos anteriormente, remete à análise crítica das nossas ideias, coisa que só o distanciamento permite.

comentários

  1. Obrigado pela reedição bem justificada e está muito certo o que escreves no final quanto ao distanciamento no tempo permitir uma análise crítica das nossas ideias. Uma boa semana :)

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  2. Oi, Betty!
    Seria até redundante dizer que o texto é excelente, porque "excelência", aqui, é a ordem do dia...Hehehehe!
    Mas devo dizer que aprovei a reedição, porque não o conhecia e assim foi-me dada a chance de apreciá-lo e refletir sobre o tema. Ainda bem que não temos a total compreensão do nosso "eu", porque, assim, nos tornaríamos óbvios demais e, portanto, um tanto quanto maçantes, não achas?
    O segredo ainda é a "alma do negócio",amiga!

    Beijinhossssssss

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  3. Preciso mesmo fazer de mim a protagonista da história. Inclusive da minha, sem direito a platéia alguma. Eu ainda chego lá.beijos e dias felizes

    Belo texto.

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  4. Totalmente pertinente e atemporal este texto, em particular quando fala do necessário recolhimento.
    parabéns betty

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  5. Como eh bom encontrar palavras que nos impulsionam a encontrar sentido nas coisas, nas pessoas, no próprio 'nós' que vc expôs no texto.
    Sabias palavras.
    Lindo texto.
    bjos

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  6. Uau que texto Betty! Devemos sempre "tomar as rédeas " de nossa vida... E sermos protagonistas de tudo... Creio que essa é a chave do sucesso.
    Beijos

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  7. Betty ganhou um prémio «Manifesto dos jovens que pensam» ah! Parabéns e bom fim de semana.

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  8. Essas revisões que fazemos de nossos trabalhos são importantes, Betty! E alguns textos merecem mesmo ser republicados, caso deste aqui!
    Bjooooooooo!!!!!!!!!!

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  9. Betty,
    Este texto é uma pérola, muito bem escrito e cheio de reflexões! Muito bom que você o publicou novamente.
    Beijos,
    Rosana

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  10. Belo e verdadeiro seu texto.
    Fiquei aqui na frente dele, lendo , relendo e acreditando que você tocou na verdade.
    beijos e uma ótima semana.
    apareça

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