A história é a mesma

06 julho, 2008
Não é difícil ouvir as pessoas dizerem que atualmente a vida é pior do que antes. Fala-se que não havia tanta violência, tanta corrupção, tantas coisas deploráveis. No entanto, se analisarmos com mais atenção, veremos que não é bem assim.

O homem primitivo lutava apenas para sobreviver, fosse para se defender de ataques de animais ferozes ou para se alimentar. Mesmo quando se estabeleceu em alguma caverna, já vivendo em bandos, continuou lutando apenas pela sobrevivência, na disputa por abrigo e comida. Mais adiante, começou a fabricar utensílios que tinham finalidades específicas, conforme o local onde habitava e o tipo de desenvolvimento que havia adquirido. Num determinado momento, por bondade ou interesse, alguém ofereceu um objeto ao outro, e este, por sua vez, retribuiu com comida ou com um objeto diferente. Estabelecia-se a troca.

Passado certo tempo, quando o escambo já era efetuado entre bandos distintos, foi criada a moeda, substituindo a simples troca de mercadorias. Há divergências sobre qual povo foi o primeiro a utilizar a técnica da cunhagem de moedas, talvez os chineses ou os lídios, no século VII aC; isso não faz a menor diferença. Importa é que, a partir daí, todo o significado da existência humana se transformou radicalmente.

A moeda nunca foi um fim, um objetivo, ela é um meio para a conquista do poder e a consequente submissão daqueles que não conseguem obtê-la. A lei do mais forte dominando o mais fraco foi substituída pela lei do poderoso contra o despossuído, e a moeda tornou-se símbolo desse processo.

Nada do que existe hoje é pior do que já foi um dia. O desenvolvimento da ciência e da tecnologia, cada vez mais complexo e sofisticado, bem como a divulgação implacável de quaisquer fatos da vida nas mais variadas mídias, causa a sensação que tudo agora é maior e mais frequente que antes. No entanto, a vida é como sempre foi na essência. Pode-se compará-la a uma peça teatral muito antiga, a mais remota que se tem conhecimento, que através do tempo vai sendo encenada sistematicamente; mudam apenas o cenário, o figurino, os atores e a forma de expressão.

Quem dispensa os acessórios percebe o fundamental e sabe que a história é a mesma, apenas contada de forma diferente.

Imagem: betty

comentários

  1. Betty, acho que primitivo somos nós hoje, destruindo tudo, nunca o ser humano mostrou tanto sua inveja, seu egoismo.Um grande abraço.
    Fiz postagem nova, se tiveres tempo apareça por lá.

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  2. Betty querida,
    Tudo bem com você?

    Acabando de ler seu post, me lembro de uma música do Lulu Santos:

    ..." E assim caminha a humanidade"...

    Com toda certeza, seu post é algo que nos faz pensar.

    Obrigada pela oportunidade de lê-lo.
    Beijo carinhoso, Cris

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  3. Querida Betty,

    sempre os sentimentos e atitudes ruins exisitiram.Mas como atualmente, dá para nos deixar com medo do que vem futuramente.
    talvez tenhamos que viver momentos bem mais difíceis do que agora.
    Haja cabeça e coração para suportar.
    beijos e dias felizes

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  4. Acabo de ler o melhor resumo da "história econômica" da humanidade, Betty! Simplesmente brilhante!
    Bjooooooooooossssssssssssss!!!!!!

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  5. Betty, hoje resolvi comentar. Querida, sempre tivemos problemas só que os de agora são mais transparentes e do conhecimento do mundo inteiro. De qualquer maneira, eu sinto uma certa nostalgia de tempos melhores. Sei lá, acho que é a idade.
    Beijcas

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  6. Betty, o meio é a mensagem... Isto do Marshall Macluhan... Será que as alterações psico-físicas para um mesmo emissor não passam também pelas leis criadas por Albert Einstein?... Formulações comportamentais repetitivas num ambiente multi-receptivos são típicas para as deduções de Wittgenstein... Bettynha, é por isso que quero ter uma casinha branca de varanda e morar na roça...

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  7. Olá Betty

    Fiquei um tempo fora do ar!
    Muito trabalho, acabou me impedindo de blogar.
    Mas blogar é um vício saudável do qual não nos livramos.
    Interessante seu post, pois na verdade hoje tomamos conhecimento mais rapidamente das desgraças que nos abatem, mas elas são mesmas de sempre, fruto do egoísmo e das vaidades humanas.
    Continua faltando "amar o próximo" e sobrando "tirar tudo do próximo"!!

    Vou postar agora mais devagar para não parar!

    Abraço

    Luiz

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  8. Olá Betty

    Se tiver tempo, veja minha aventura amozônica há mais de 40 anos!!

    Abraço

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