Se eu pudesse trincar a terra toda - Alberto Caeiro

23 maio, 2009
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar
Seria mais feliz um momento...



Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dia de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se,
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

comentários

  1. Betty,
    eu gosto demais de Caeiro... As poesias sempre com palavras certeiras. Puxa vida... Fazia tempo que não lia nada dele, fiquei feliz de encontrar por aqui!
    Beijos menina

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  2. Betty,
    Eu não conhecia esse autor, mas já ví que é dos bons. Aliás, passar pelo teu criterioso crivo é a prova do seu talento, com certeza!
    Beijinhosssssssssssssssssss

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