Expressão e compreensão

13 janeiro, 2007


Certa vez, no meu primeiro blog, escrevi sobre o tempo, esse mistério que nos afaga e nos consome com a mesma intensidade. Nos comentários, apenas uma pessoa entendeu o que eu quis dizer.

Nem sei porque lembrei disso agora, mas o grande Mario Quintana, no Caderno H, escreveu uma frase que descreve bem essa circunstância:

"A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."

comentários

  1. Querida amiga. Pois é verdade. Uma coisa é o que sentimos, o que queremos dizer e outra coisa é o modo como as pessoas interpretam o que dissemos: Expressão e compreensão. Muitas das vezes o erro esteve na (falta de) compreensão, mas certamente algumas vezes foi a expressão. Por outro lado a compreensão tem a ver com as experiencias de cada um dos ouvintes. Aí vem a superioridade dos poetas, que conseguem exprimir de modo adequado o que pensam e o que sentem poucas vezes deixando espaço para erros de compreensão. Ou não?
    Ainda ontem estava com um colega a falar sobre a imensa beleza da língua portuguesa pela capacidade que tem de poder exprimir tudo com a exactidão precisa. Para ilustrar a ideia acho que a língua portuguesa tem todas as palavras necessárias para exprimir diferentes tons de cinzento, e uma palavra (um tom) não é rigorosamente a outra (outro tom, outra matiz)ainda que ambas cinzento. Acho, por exemplo, por exemplo, que a língua inglesa não tem esta capacidade : o cinzento é apenas um! Digo eu, não sei... Tenha um belo fim de semana.

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  2. Minha já Amiga Betty,

    Esse seu texto primorosamente bem escrito, nos revela a dificuldade que algumas pessoas sentem em compreender o que expressamos, pelos elementos tão bem abordados por ti.

    Comigo ocorre a mesma coisa, salvo raras exceções. Eu não sou poetisa, nem tenho a mínima pretensão, eu gosto de escrever de uma forma intimista e densa, as vezes parecem versos, mas são reflexões sobre meus sentimentos, sobre algo vivido a anos, sobre algo vivido no presente, sobre algo que vislumbro no futuro.

    No meu último post estava no exato momento sentindo o que deixei jorrar pela escrita. Alguns entenderam que eu estava sofrendo, aliás muitos entendem que há um sofrimento latente no que escrevo. Sendo que não há isso, as vezes posso estar reflexiva, melancolica, mas sem a carga dramática que as vezes sem querer as pessoas entendem.

    Se você leu o meu post "Trinta Anos", verá que eu tive que explicar porque recebi inúmeros e-mails em que chegaram a me atacar.

    Essa citação de Mário Quintana é perfeita.

    Do fundo da alma adoro sua fina escrita sua forma densa de abordar os temas com tanto requinte de detalhes !

    Impossível não compreender-te.

    Beijos na alma,
    Da amiga que lhe quer muito bem,
    Dani

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  3. Betty querida...Sempre bom vir aqui e ler seus lindos posts! Como você sabe, somos bem parecidas em relação à essa nossa inquietude em relação ao tempo...ele me fascina, me comove, mas porém, me incomoda e perturba...certos sentimentos que nem eu mesma sei explicar...E quanto ao Mário Quintana, o maior de todos nossos poetas na minha opinião, Ele é sempre grande em tudo o que escreveu...soube ser grande ao tirar poesia das coisas mais simples de nossas vidas...
    Amanhã tem post novo...Saudades, Uma boa semana Bjão carinhoso, Crisssssss...
    P.S.: Gosto muito de você viu???

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  4. Se fosse usar um tom professoral, diria que é o leitor quem realiza a comunicação. Então, se escrevemos algo e ele entende outra, está explicado.
    O tempo é subjetivo, portanto, entendível de acordo com o contexto de cada um.
    Gostou? Parece erudito.

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